sábado, 8 de fevereiro de 2025

Disciplina Eclesiástica: Breve Definição

DISCIPLINA. 

A base bíblica para a disciplina eclesiástica está em Mateus 18.15–18, juntamente com a aplicação de 1Coríntios 5 (incesto); 1Tessalonicenses 3.6 (ociosidade) e 2Timóteo 2.17 (erro). A disciplina era levada a sério na igreja primitiva, especialmente, quando havia uma recaída no paganismo. No segundo século, a excomunhão permanente poderia ser imposta, mas a opinião oficial, apoiada por O Pastor de Hermas e formulada por Calixto de Roma e Cipriano de Cartago, permitia a readmissão após um período longo probatório que culminava com a pública confissão.

Novos desenvolvimentos, a maioria nocivos, ocorreram a partir de Gregório I até o Concílio de Trento. Penitências foram impostas para ofensas menores, com possível comutação financeira. Foi estabelecida a confissão auricular feita a um sacerdote. O purgatório tornou-se uma suposta extensão da disciplina temporal e, a fim de prevenir sua ameaça, surgiram os mais terríveis abusos da Idade Média, como venda de indulgências e as missas particulares. O sistema de tribunal eclesiástico formalizou a disciplina, mas não teve grande proveito espiritual. Os ofensores mais sérios poderiam ser entregues ao poder civil para os castigos que a igreja não tinha permissão para administrar.

A Reforma acabou com o sistema medieval, mas encontrou dificuldades com o problema da disciplina. O estado, às vezes, exercia seu poder como representante dos leigos. Calvino colocou a disciplina nas mãos do consistório de presbíteros regentes. Os anabatistas exercitaram a disciplina por meio da proibição, embora, infelizmente, isso tenha causado muita confusão interna.

A igreja moderna está, em grande parte, caracterizada por uma erosão da disciplina. O sistema dos estados em grande parte desmoronou, enquanto o pluralismo torna difícil o exercício interno da disciplina. Há, ainda, o risco de ações cíveis por maledicência quando os padrões morais de uma igreja diferirem daqueles do estado.

A disciplina é bíblica, mas raramente, quando nunca, tem sido aplicada com sucesso. Se a falta de disciplina enfraquece a vida interna e o testemunho externo da igreja, a perversão da disciplina carrega em si sérios perigos de legalismo, da discórdia e até mesmo da hipocrisia. Atingir uma disciplina verdadeiramente bíblica e evangélica que sirva para a edificação doutrinária e ética talvez seja uma das tarefas mais urgentes para a igreja realizar hoje.

GEOFFREY W. BROMILEY
Fonte: Geoffrey W. Bromiley, “Disciplina”, in Dicionário de Ética Cristã, trad. Elizabeth Gomes (São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2007), 188.

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