quarta-feira, 5 de fevereiro de 2025

O que é uma igreja confessional? | Augustus Nicodemus

Uma igreja confessional é caracterizada pelo compromisso formal com uma confissão de fé que resume e sistematiza a doutrina bíblica, servindo como um guia para sua vida doutrinária e prática. Essas confissões são expressões de consenso teológico, formuladas ao longo da história para abordar questões importantes da fé cristã e proteger contra heresias.

As confissões de fé têm como fundamento a Bíblia, considerada a única regra infalível de fé e prática (2 Timóteo 3:16-17). As igrejas confessionais não colocam as confissões no mesmo nível das Escrituras, mas as veem como declarações humanas que resumem, de maneira fiel e clara, os ensinos bíblicos. Como afirma o Breve Catecismo de Westminster, “a Palavra de Deus, que se acha nas Escrituras do Velho e do Novo Testamento, é a única regra para nos dirigir na maneira de o glorificar e gozá-lo” (BCW, P.2). 

As confissões são, portanto, padrões secundários que ajudam a interpretar e aplicar a Palavra de Deus. Elas fornecem uma estrutura teológica coerente, abordando questões essenciais como a natureza de Deus, a obra de Cristo, os sacramentos e o propósito da vida cristã. Essa relação reflete o papel das confissões como ferramentas de unidade doutrinária e fidelidade bíblica.

Entre as igrejas confessionais, há variação quanto ao nível de aderência às confissões adotadas. Igrejas que praticam uma aderência estrita consideram suas confissões como padrões teológicos vinculantes para todos os membros e especialmente para seus líderes. Por exemplo, pastores e oficiais podem ser obrigados a subscrever integralmente a confissão, afirmando que ela reflete fielmente os ensinos da Escritura. A Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB) segue essa abordagem, exigindo que seus ministros e oficiais subscrevam integralmente a Confissão de Fé de Westminster e os Catecismos. Outras igrejas podem permitir um grau de liberdade interpretativa ou limitação em certos pontos não essenciais das confissões. Nesse modelo, a confissão é vista como um guia útil, mas a igreja pode reconhecer que nem todos os membros terão compreensão ou concordância plena com todos os aspectos. Um exemplo seria uma igreja reformada que permite diferenças em questões como o batismo infantil, desde que a centralidade do evangelho seja mantida.

Exemplos de confissões de fé incluem a Confissão de Fé de Westminster, adotada por igrejas presbiterianas como a IPB, sendo um padrão doutrinário abrangente que aborda a soberania de Deus, a salvação pela graça mediante a fé, os sacramentos e o governo da igreja. O Catecismo de Heidelberg, amplamente utilizado por igrejas reformadas, organiza-se em perguntas e respostas para ensinar os fundamentos da fé cristã, destacando a obra de Cristo e o conforto que os crentes encontram no evangelho. O Credo Niceno-Constantinopolitano, aceito por várias tradições cristãs como luteranos, anglicanos e igrejas ortodoxas, enfatiza as doutrinas trinitárias e cristológicas.

A confessionalidade ajuda as igrejas a permanecerem firmes em tempos de mudanças culturais e desafios teológicos. Ela fornece um ancoradouro teológico que conecta a igreja contemporânea à tradição apostólica e reformada, mantendo sua fidelidade à missão de glorificar a Deus e proclamar o evangelho. Ser uma igreja confessional significa não apenas abraçar um padrão doutrinário, mas também submeter-se à Palavra de Deus com humildade e integridade, utilizando as confissões como um guia para a vida e a prática cristã fiel.

Augustus Nicodemus 

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