A relação entre os decretos de Deus e a responsabilidade humana é um tema complexo tratado na teologia cristã, especialmente no contexto da Confissão de Fé.
De acordo com o documento, Deus, em seu conselho muito sábio e santo, ordenou livre e inalteravelmente tudo o que acontece, mas de modo que não o torna autor do pecado, nem viola a vontade da criatura, nem retira a liberdade ou contingência das causas secundárias.
Além disso, a Confissão de Fé enfatiza que, embora Deus saiba tudo o que pode ou vai acontecer em todas as circunstâncias imagináveis, Ele não decreta algo simplesmente por ter previsto como futuro ou como algo que aconteceria em certas condições.
Em vez disso, os decretos de Deus servem para a manifestação de Sua glória. Deus ordena que as coisas aconteçam conforme a natureza das causas secundárias, seja de maneira necessária, livre ou contingente. Em sua providência ordinária, Deus utiliza meios, mas Ele é livre para operar sem, sobre ou contra eles segundo o Seu arbítrio.
Por fim, a Confissão de Fé destaca que a onipotência, sabedoria inescrutável e infinita bondade de Deus se manifestam em Sua providência de tal maneira que ela se estende até a primeira queda e a todos os outros pecados dos anjos e dos homens.
No entanto, essa permissão de Deus é de tal forma que a pecaminosidade dessas transgressões procede unicamente da criatura e não de Deus.
Assim, a teologia cristã representada nestes documentos mantém uma tensão entre a soberania de Deus e a responsabilidade humana, reconhecendo o papel ativo de Deus na história e na criação, sem atribuir a Ele a autoria do pecado e mantendo a liberdade e responsabilidade das criaturas.
Rev. Augustus Nicodemus
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