Você já parou pra pensar o quanto a gente se expõe nas redes sociais? Tá tudo ali: fotos com filtros, momentos felizes, opiniões sobre tudo, desabafos, e até detalhes da vida que, tempos atrás, a gente só compartilhava com um amigo próximo. Mas o que está por trás dessa vontade de mostrar tanto?
A verdade é que vivemos numa era em que a validação vem das curtidas, dos comentários e dos compartilhamentos. A vida virou um palco digital, e cada um quer mostrar a melhor versão de si mesmo. Só que, no fundo, isso gera uma pressão absurda. Quem nunca sentiu que a própria vida parece sem graça comparada com os stories alheios? Isso tem nome: comparação e idolatria do eu. É como se a gente vivesse pra ser notado, e não pra glorificar a Deus.
Mas a Bíblia nos orienta em outra direção. Jesus disse: “Quando orares, entra no teu quarto, fecha a porta e ora ao teu Pai que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará” (Mateus 6.6). Percebe? A vida com Deus é vivida no secreto, não nos holofotes. A fé cristã não busca plateia. Ela busca fidelidade. O verdadeiro cristão entende que a intimidade com Deus vale muito mais do que a fama digital.
Além disso, Provérbios nos lembra que “o tolo derrama toda a sua ira, mas o sábio a reprime e acalma” (Pv 29.11). Em outras palavras: nem tudo precisa ser postado. Nem todo pensamento precisa virar tweet. A sabedoria reformada sempre destacou a importância da moderação, da humildade e da vigilância do coração — virtudes que parecem desaparecer quando se vive pra aparecer.
Outro ponto sério: essa exposição toda coloca nossa privacidade em risco. Tudo que você posta vira dado. E esses dados viram produto nas mãos de empresas, políticos e quem mais quiser explorar sua vida. O crente deve ser prudente como a serpente (Mt 10.16), e não ingenuamente entregar sua vida nas mãos de sistemas que não se importam com sua alma.
E mais: viver uma vida de aparência, projetando um “eu” perfeito na internet, enquanto o coração está vazio, é um tipo de hipocrisia. Jesus criticou duramente os fariseus que cuidavam do exterior, mas negligenciavam o interior (Mt 23.27-28). Ele não quer perfis bonitos. Ele quer corações rendidos.
Então, fica a pergunta sincera: quem tá controlando sua vida? O Espírito Santo ou o algoritmo? A Palavra ou os seguidores? O objetivo da vida cristã é glorificar a Deus e gozá-lo para sempre (Catecismo de Westminster, P.1), não construir um perfil invejável nas redes.
Sejamos sóbrios, irmãos. Usemos as redes com sabedoria, sem fazer delas um altar pro nosso ego. Que a nossa identidade esteja firmada em Cristo — não nos olhos do mundo. “Porque tudo o que há no mundo — a cobiça da carne, a cobiça dos olhos e a soberba da vida — não procede do Pai, mas do mundo” (1Jo 2.16).
A cruz de Cristo não precisa de filtro. E o evangelho não precisa de curtidas.
Augustus Nicodemus
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