segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

POR QUE ORAR SE DEUS JÁ SABE? | Augustus Nicodemos

A questão "Por que orar se Deus já sabe?" toca em uma das grandes questões da fé cristã, refletindo sobre a onisciência de Deus e a prática da oração. A resposta a essa pergunta encontra-se na compreensão da oração não apenas como um meio de fazer pedidos, mas como um veículo de comunhão com Deus, moldando nossos corações segundo a Sua vontade e fortalecendo nosso relacionamento com Ele.

Primeiramente, é fundamental reconhecer que, de fato, Deus é onisciente. Salmo 139:1-4 afirma que Deus conhece nossos pensamentos e palavras ainda não proferidas, evidenciando Sua total compreensão de todas as coisas. Mateus 6:8 reitera que o Pai sabe do que precisamos antes mesmo de pedirmos. Essa onisciência divina, contudo, não torna a oração obsoleta; pelo contrário, ela estabelece a base para entendermos a oração como um ato de obediência, intimidade e transformação.
A oração é, em primeiro lugar, um ato de obediência. Jesus nos instruiu a orar (Mateus 6:9-13), indicando que a oração faz parte da vontade de Deus para Seus filhos. Através dela, expressamos nossa dependência e reconhecimento de Sua soberania, alinhando nosso coração ao Seu propósito. Além disso, a oração é um meio de comunhão e intimidade com Deus. Em Filipenses 4:6-7, Paulo exorta os crentes a apresentarem suas petições a Deus com ação de graças, assegurando que a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará nossos corações e mentes em Cristo Jesus. Isso ressalta a oração como um caminho para experimentar a presença de Deus, independente de Ele já conhecer nossas necessidades. A oração também tem o poder de transformar o orador. Em Romanos 8:26-27, é dito que o Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis, segundo a vontade de Deus. Isso sugere que a oração molda nossos desejos e vontades, alinhando-os mais estreitamente com os propósitos divinos. Em vez de ver a oração como um meio de informar Deus sobre nossas necessidades, devemos vê-la como uma oportunidade de sermos transformados pela Sua vontade. Portanto, a oração transcende a simples apresentação de pedidos a um Deus onisciente; ela é um ato de fé, obediência e amor. Ao orar, não buscamos mudar a mente de Deus, mas sim permitir que Deus mude a nossa, fortalecendo nossa fé, conformando nossos corações ao Seu e cultivando uma relação mais profunda com o Criador. A prática da oração, então, reflete nossa submissão à Sua soberania e nosso desejo de participar da Sua obra no mundo, reconhecendo que, embora Ele já saiba de todas as coisas, deseja ouvir de Seus filhos e agir em resposta à nossa fé e dependência d'Ele.

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