sexta-feira, 1 de setembro de 2023

O Espírito Santo e a missão | Rev. Ronaldo Lidório

A igreja de Cristo jamais cresceu tanto como em nossos dias. Há pessoas vindo a Cristo em quase todas as partes do planeta. Apesar das heresias, sincretismo e nominalismo presentes em diversas partes do mundo – e no Brasil – é impressionante ver que várias nações antes resistentes ao evangelho, hoje abrigam uma forte igreja nacional e tornam-se enviadoras de missionários para o mundo. É a ação do Espírito Santo!

Em Lucas 24, Jesus promete nos enviar o Consolador – o Espírito Santo – que viria sobre a igreja em Atos 2 de forma permanente. Ali, a igreja seria revestida de poder. O termo grego utilizado para “Consolador” é “parakletos”, que literalmente significa “estar ao lado” ou “acompanhar”. O Espírito Santo foi enviado para acompanhar a igreja no cumprimento da vontade de Deus. Ele trabalha para tornar a igreja mais parecida com o seu Senhor e fazer o nome de Jesus, o Senhor da igreja, conhecido na terra.

É o Espírito Santo quem convence o homem do seu pecado. O homem natural sabe que é pecador, ou seja, moralmente imperfeito. Porém, apenas com a intervenção do Espírito Santo ele passa a ver o pecado como pecado e ter consciência que está perdido e que precisa de Deus. Se o Espírito Santo não o convencer do pecado e do juízo, toda exposição da verdade de Cristo não passará de mera apologia humana.

A igreja plantada mais rapidamente em todo o Novo Testamento foi iniciada por Paulo e seus amigos em Tessalônica, como vemos em Atos 17. Ali, o apóstolo pregava a Palavra aos sábados nas sinagogas e durante a semana na praça. Assim ele fez por três semanas até nascer a igreja local. Em 1 Ts 1.5, Paulo diz que o evangelho não chegou até eles tão somente em palavra (“logia”, palavra humana) mas sobretudo em poder (“dunamis”, poder de Deus), no Espírito Santo e em plena convicção (“pleroforia”, convicção de que estamos na vontade de Deus).

O Espírito Santo é destacado aqui como um dos três elementos que iniciou a igreja em Tessalônica. Sua função na conversão dos perdidos é insubstituível, conduzindo o ser humano à convicção de que é pecador e necessita de Deus, despertando nele a sede pelo evangelho e atraindo-o a Jesus. Sem a ação do Espírito Santo, a evangelização não passaria de mera comunicação humana, explicações espirituais, palavras lançadas ao vento, sem público, sem conversão, sem transformação. A ação da igreja produz adesão; a ação do Espírito Santo produz transformação.

Somos, assim, chamados a trabalhar dia e noite, com tudo o que Ele coloca em nossas mãos, aproveitando cada oportunidade para testemunhar e verbalizar a verdade do evangelho. Sabendo, porém, que nenhuma verdadeira transformação ocorre em nossos corações, ou em outras vidas, se o Espírito Santo não operar. É um chamado de dependência. É um chamado de fé. É um chamado para a missão.

Oremos pela ação do Espírito Santo em nossas vidas, em nossa santificação. Oremos pela ação do Espírito Santo na conversão dos nossos familiares e amigos, bem como na edificação de nossa família. Oremos pela ação do Espírito Santo em nossa igreja local e entre aqueles que estão agora recebendo o evangelho de Jesus. Oremos pela ação do Espírito Santo no envio missionário e na conversão de pessoas entre todos os povos, línguas, tribos e nações.

Parte II

Ontem refletimos sobre a ação do Espírito Santo, como lemos em João 16. Neste texto, Jesus suscita três de suas principais funções. A primeira está no versículo 8 e afirma que o Espírito convencerá o mundo sobre seus pecados. No verso 13, lemos que o Espírito Santo guiará e encorajará a sua igreja por todo o caminho. O versículo 14 mostra a terceira função: o Espírito Santo glorificará o Filho, Jesus Cristo. Fica evidente, então, três atribuições: convencer os pecadores, encorajar a igreja e glorificar a Cristo.

A respeito do encorajamento da igreja, no versículo 13, vemos que o Espírito Santo vai “guiar” a igreja: “quando vier, porém, o Espírito da verdade, ele vos guiará a toda a verdade; porque não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará as coisas que hão de vir”.

A expressão grega para guiar é hodegeo. Significa conduzir passo a passo durante todo o caminho, como alguém que dá a mão ao outro, para ir na direção certa. A vontade de Deus, revelada na Palavra e realizada pelo Espírito Santo em nós, é esta: guiar a sua igreja para conhecer, amar, seguir e servir a Jesus, passo a passo, até a maturidade.

Portanto, é desejo e ação do Espírito Santo, que é Deus, que possamos amadurecer dia a dia. Ele trabalha para que sejamos santificados. Em outras palavras, que possamos crescer, amadurecer e florescer em todas as áreas de nossa vida.

Ore ao Senhor e deixe para trás o que para trás deve ficar. Ore ao Senhor e livre-se de vez daquele pensamento, inclinação ou ação pecaminosa em sua vida. Ore ao Senhor e perdoe quem você precisa perdoar. Ore ao Senhor e abrace uma prática devocional diária. Ore ao Senhor e coloque Deus em primeiro lugar em todas as áreas de sua existência. Ore ao Senhor e descomplique as coisas que estão complicadas em seu coração. Ore ao Senhor e jogue fora a ansiedade. Ore ao Senhor e frutifique, onde Ele o colocou.

Por fim, ressalto que já é possível vislumbrar a última fotografia da igreja: “Então, ouvi uma como voz de numerosa multidão, como de muitas águas e como de fortes trovões, dizendo: Aleluia! Pois reina o Senhor, nosso Deus, o Todo-Poderoso. Alegremo-nos, exultemos e demos-lhe a glória, porque são chegadas as bodas do Cordeiro, cuja esposa a si mesma já se ataviou, pois lhe foi dado vestir-se de linho finíssimo, resplandecente e puro. Porque o linho finíssimo são os atos de justiça dos santos” (Ap 19:6-8).

Parte III

É o desejo de Deus que a sua igreja seja limpa, pura, madura, forte, fiel e frutífera. Ele está trabalhando nisso, para a nossa paz e a sua glória, como vimos nestes dias em João 16.

Frutos de avivamentos, homens e mulheres foram usados por Deus para que Jesus se tornasse conhecido nos lugares mais improváveis. A primeira explosão missionária é registrada em Atos 2 quando a igreja, cheia do Espírito Santo, foi para as ruas e proclamou a Cristo. Pessoas de 14 diferentes línguas ouviram e entregaram suas vidas a Jesus. Ao longo da história, o Espírito Santo também tem despertado a igreja de Cristo a sair de suas paredes e lançar o evangelho longe, aos que pouco ou nada ouviram. Um desses avivamentos aconteceu no século 18, entre os moravianos.

Aos 27 anos de idade, Zinzendorf acolheu um refugiado moraviano em sua casa, na Saxônia, Alemanha. Em pouco tempo, outras centenas se juntaram a ele, vivendo em sua propriedade: Hernhut. Oravam e estudavam a Palavra rotineiramente e, desejando maior intimidade com Deus, iniciaram no dia 13 de agosto de 1727 uma vigília de oração, com grupos que se revezavam de hora em hora, para que pudessem, como igreja, orar ao Senhor 24 horas de forma ininterrupta. Resolveram continuar por mais alguns dias na mesma dinâmica, o que durou cerca de 100 anos de oração ininterrupta por consagração e frutos.

Seus corações passaram a se encher de desejo de levarem o conhecimento do evangelho por toda parte. Poucos anos após o início daquela reunião de oração, a igreja de 300 moravianos já havia enviado mais de 70 missionários. Ao longo daquele século de oração a igreja cresceu e se multiplicou, milhares de missionários foram enviados, povos alcançados e igrejas plantadas. Alguns jovens missionários Moravianos chegaram a se vender como escravos para gastarem a vida em uma ilha ao leste da Índia,  para testemunhar do evangelho aos escravos que ali viviam.

O lema deste movimento era: “O Cordeiro venceu. Vamos segui-lo”.

Que o Senhor desperte nossos corações para a Palavra, oração, piedade e missão, em nome de Jesus!

Por Rev. Ronaldo Lidório

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