quarta-feira, 14 de março de 2012

Cinco Pecados que Ameaçam os Calvinistas: Parte 3 - O Pecado da Acomodação no Aprendizado | Solano Portela

Definindo a Acomodação
Acomodação no aprendizado, é quando atingimos um ponto noqual achamos que já dominamos todas as verdades, ou seus aspectos principais, eparamos de nos empenhar no estudo da palavra. Ficamos repisando as mesmasverdades desprezando a riqueza de conhecimento que nos espera na Palavra deDeus.

O Jovem – Presa Fácil desse Pecado.
Com freqüência encontramos a ocorrência desse pecado nosjovens que foram expostos e convencidos das realidades das Doutrinas da Graça.Após devorarem alguns livros, após aprenderem a formular e a discutir os “cincopontos”, estacionam por aí. Acham, entretanto, que já dominaram tudo o que sepode saber, dedicando-se a grandes e extensas discussões, como se mestresfossem.

O Alerta aos Seminaristas
Em 04.10.1911, o grande teólogo norte-americano, BenjaminBreckinridge Warfield, foi comissionado a apresentar uma palestra no PrincetonTheological Seminary sobre o tema: “A Vida Religiosa do Estudante de Teologia”.Para surpresa de alguns, ele falou pouco, inicialmente, sobre a partedevocional da vida de cada estudante, mas colocou extrema ênfase na necessidadedo estudo. Disse ele: “…antes de ser erudito o ministro deve ser devotado aDeus, mas o mais grave erro é colocar estas coisas em contradição”. Continuaele: “…existe alguma coisa fundamentalmente errada na vida do estudante deteologia que não estuda” .(11)

É interessante notar como Warfield identifica a vida cristãespiritualmente rasa. Em sua correta visão ela é evidenciada pelo desprezo aoestudo, pela acomodação no aprendizado.

Os Alertas de Provérbios
O livro de Provérbios apresenta inúmeras exortações comrelação à importância da sabedoria e, conseqüentemente, à dedicação ao estudo eao aprendizado. Dois versos parecem retratar a nossa observação, de pessoas quese esmeram nas discussões com pouca profundidade de conhecimento. O primeiro éProvérbios 18.12, que diz: “O insensato não tem prazer no entendimento, senãoem externar o seu interior”. Se estivermos com grande vontade de externarmos onosso interior, vamos parar um pouco para meditação: muitas vezes, estamosmesmo é precisando de continuado aprendizado e instrução. O segundo verso éProvérbios 19.27, onde lemos: “Filho meu, se deixas de ouvir a instrução,desviar-te-ás das palavras do conhecimento”. O escritor inspirado do provérbio,pressupõe que o conhecimento foi apreendido e existe na vida do leitor (“filhomeu”), mas ele soa um alerta para que não haja acomodação no aprendizado. Oouvir a instrução é uma ação contínua que nos preservará dos desvios doconhecimento.

Com certeza, não podemos nunca deixar que este pecadoencontre guarida em nossa vida e nem que venhamos a nos acomodar sem meditaçãoe sem estudo e conhecimento das verdades de Deus.

Pedro Fala aos Calvinistas
Em sua segunda carta (2 Pedro 1.3-11) Pedro traz uma palavrade grande importância aos calvinistas. O trecho diz:
3. Visto como pelo seu divino poder nos têm sido doadastodas as coisas que conduzem à vida e à piedade, pelo conhecimento completodaquele que nos chamou para a sua própria glória e virtude,
4. pelas quais nos têm sido doadas as suas preciosas e muigrandes promessas, para que por elas vos torneis co-participantes da naturezadivina, livrando-vos da corrupção, das paixões que há no mundo.
5. Por isso mesmo vós, reunindo toda vossa diligência,associai com a vossa fé, a virtude; com a virtude, o conhecimento;
6. com o conhecimento, o domínio próprio; com o domíniopróprio, a perseverança; com a perseverança, a piedade;
7. com a piedade, a fraternidade; com a fraternidade, oamor.
8. Porque, estas coisas, existindo em vós e em vósaumentando, fazem com que não sejais nem inativos, nem infrutuosos no plenoconhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo.
9. Pois aquele a quem estas coisas não estão presentes écego, vendo só o que está perto, esquecido da purificação dos seus pecados deoutrora.
10. Por isso, irmãos, procurai, com diligência cada vezmaior confirmar a vossa vocação e eleição; porquanto, procedendo assim, nãotropeçareis em tempo algum.
11. Pois, desta maneira, é que vos será amplamente suprida aentrada no reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.

Pedro enraíza no “divino poder” de Deus (v. 3) todas asquestões pertinentes à nossa existência, tudo que é necessário e relacionadocom o amor, bem como com o pleno conhecimento do próprio Deus. Não é que ele estejaapenas afirmando que Deus é a fonte, mas ele está ensinando que de Deusrecebemos tudo, em plenitude. Com essa proposição ele reafirma a plenasoberania de Deus até na aplicação do conhecimento. A seguir, Pedro nos indicaque tudo isso representa o cumprimento das promessas de Deus para nós,representando, igualmente, um grande contraste com as corruções deste mundo (v.4). Passa então a detalhar as áreas importantes da vida, que devem merecer anossa concentração (vv. 5 a 7). Essas áreas são apresentadas num “crescendo” noqual a interligação de uma com a outra é demonstrada, cada uma sendo construídano alicerce previamente construído, sendo interdependentes (fé, virtude,conhecimento, domínio próprio, perseverança, piedade, fraternidade, amor). A demonstraçãodessas virtudes, em nossas vidas, não nos deixará ociosos, nem infrutíferos,nem com a visão obscurecida, mas nos trará ao pleno conhecimento de Cristo enão deixará que venhamos a nos esquecer do milagre da salvação – daquilo queCristo fez para a purificação dos nossos pecados (vv. 8 a 9).

Estamos afirmando que a palavra é pertinente para oscalvinistas, porque ao iniciar com o detalhamento dessas virtudes que procedemdo poder de Deus e que por Sua agência são derramadas sobre nós, Pedro enfatiza:“…reunindo toda a vossa diligência” (v. 5). Isso significa que não existe lugarpara acomodação no aprendizado. Mesmo que tudo isso esteja sob a abrangência dasoberana vontade de Deus e intrinsecamente fazendo parte de Seus decretos,temos que procurar com diligência o conhecimento de Deus e a aplicação desseconhecimento em nossas vidas. Devemos nos esforçar e esperar que Deus, em suadivina providência, nos conceda o conhecimento do qual tanto necessitamos e asvidas santas que devem se seguir ao conhecimento da Sua pessoa e dos Seuscaminhos.

Essa questão é tão importante para Pedro que ele, sob adivina inspiração do Espírito Santo, repete a admoestação, no verso 10, quandoindica que devemos procurar, “com diligência cada vez maior” a confirmação danossa vocação e eleição através da prática do conhecimento de Deus, que vempela dedicação ao continuado aprendizado e pela conseqüente vida santa, que Elerequer de cada um de nós. Que Deus nos livre do pecado da acomodação noaprendizado de Suas verdades.

(11)Benjamin Breckinridge Warfield, “The Religious Life of Theological Students”,em Selected Short Writings of B. B. Warfield, John E. Meeter, ed. (Philadelphia:Presbyterian and Reformed Publishing Co., 1970) I, 411-425.

Sequência: [Introdução][1ªParte][2ªParte][3ªParte][4ªParte][5ªParte]

Por: Solano Portela
Fonte: solanoportela.com

Este livreto foi publicado no site da 1a Igreja Presbiteriana do Recife contendo uma versão preliminar publicana na revista "Os Puritanos". A versão publicada aqui é a completa. Este texto completo foi publicado pela Editora PES e pode ser adquirido através do site da editora:
http://www.editorapes.com.br

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