O Evangelho não é fruto da cultura; é a Palavra de Deus para toda e qualquer geração, em qualquer época. Evangelizar é anunciar o Evangelho, é pregar a Palavra de Deus, proclamar a boa nova que é a salvação em Cristo Jesus. A evangelização não deve ser pragmática, ou seja, pensar apenas nos resultados (no sentido de número de convertidos) já que a conversão é um ato do Espírito Santo, portanto os resultados estão nas mãos de Deus. Isso não significa que não devemos fazer nada. Paulo diz "Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? e como crerão naquele de quem não ouviram? e como ouvirão, se não há quem pregue?" (Rm 10:14). É através da pregação que as pessoas irão crer.
De certa forma, todos somos influenciados pela cultura, mas Cristo nos liberta dos aspectos da cultura que nos afastam de Deus. A cultura nem sempre reflete a vontade Deus. Por isso, o crente precisa discernir em sua própria vida e na cultura vigente o que está em acordo ou em desacordo com a Palavra de Deus, e não apenas isso, mas também buscar a mudança e a transformação necessária na sociedade e na cultura. A igreja, através da evangelização, tem papel primordial nessa tarefa.
Deus constituiu a igreja para glorificá-lo, e ela faz isso também através da evangelização. É missão da igreja anunciar o evangelho, e ela deve fazer isso com fidelidade à Palavra de Deus. Ela não deve se desviar dessa missão tentando embarcar e direcionar seus esforços em outras direções.
Quem capacita a igreja nessa tarefa é o próprio Espírito Santo dando-nos compreensão da Palavra de Deus. Além disso, ela deve dar um bom testemunho diante dos homens. Evangelização implica em ensinar a Palavra de Deus, ou seja, envolve educação. O ensino da Palavra de Deus, ou a educação cristã, irá conduzir as pessoas a conhecerem a Deus. Quanto mais de Deus o crente aprende, mais ele irá adorá-lo.
Conforme Wener C. Graendorf, Educação cristã "é um processo de ensino e aprendizado baseado da Bíblia, no poder do Espírito Santo (centrado em Cristo)". No AT, a educação era centrada na Torá, a Lei de Deus. Seu propósito era a santidade e transformação do povo de Deus. O ensino era realizado nos lares, dos pais para os filhos, mas também em comunidade através dos sacerdotes, profetas e sábios. Mais tarde, durante e após o exílio, foram construídas sinagogas onde a Escritura era lida e ensinada. No NT o ensino passou a ter uma novidade: Jesus Cristo. Jesus ensinou e designou seus discípulos para pregar a boa nova. A educação passou a enfatizar a pessoa de Jesus Cristo e suas obras. O ensino era tanto particular como público. Jesus ensinava na sinagoga (Lc 4.31-37), mas também em casas (Lc 10.38-42) e outros lugares a céu aberto (Jo 4.1-42; Mt 5.1-11; Mc 4.35-41). Veja que o ensino estava presente nos lares, nas sinagogas, nos templos, em todos os lugares. Os evangelhos e as cartas começaram a circular entre as igrejas e eram a fonte de conhecimento do Evangelho juntamente com os livros do AT. Mais tarde as igrejas viram a necessidade de expressar sua fé de forma escrita, surgindo as confissões e catecismos que foram utilizados para instruir os crentes. Vemos ao longo da história como a educação cristã fazia parte da vida do povo de Deus.
Karen B. Tye, em sua obra sobre "Diretrizes para o Ensino na Igreja Local", diz que devemos abrir nossas mentes e ampliar nosso contexto de ensino, ou seja, não devemos restringir o ensino ao local da igreja, mas em todo lugar e em toda oportunidade. Seja no contexto familiar, na igreja, nas praças, no trabalho ou nas escolas. É exatamente o que a Biblia nos diz em Deuteronômio 6:6,7: "E estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração; E as ensinarás a teus filhos e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te e levantando-te". Karen diz: "Em cada um destes contextos, a educação está ocorrendo, e as pessoas estão sendo formadas em sua fé". Ela destaca o papel importante da família nesse processo, uma vez que a família influencia muito em nosso caráter, valores, motivações e crenças. Karen também destaca a importância de reconhecermos que cada pessoa têm sua individualidade e personalidade, uma vez que nem todos aprendem da mesma forma e do mesmo modo: "precisamos oferecer-lhes oportunidades de aprendizado que atendam aos seus estilos de aprendizagem e fazer que aprendam sobre sua fé de forma divertida e prazerosa". Portanto, os métodos e processos de ensino devem ser flexíveis considerando esses fatores. Quanto maior seu repertório de métodos e processos melhor, lembrando que eles não são imutáveis, e às vezes, até improvisar será necessário. Karen também diz que é necessário analisar e avaliar a qualidade do ensino constantemente com o intuito de melhorar cada vez mais.
Conforme Filipe Fontes, a Bíblia não fornece um programa pedagógico detalhado, mas nos apresenta princípios gerais, tais como: a centralidade do culto, o preparo para o ensino (espiritual, moral e técnico), da diversidade da membresia eclesiástica. O culto deve ser a atividade central do programa pedagógico da igreja local, por isso, ele deve ser planejado como uma oportunidade de ensino. Com relação ao preparado para o ensino, todos os crentes podem ensinar uns aos outros, mas há um grupo de pessoas que recebem o dom do ensino, e estes devem ser preparados para esta função. Esse preparo considera a vida espiritual, moral (testemunho) e técnico (habilidades requiridas para o ensino) da pessoa. Filipe Fontes diz: "Sobre os ombos dos líderes eclesiásticos, então, pesa a responsabilidade de organizar o ensino eclesiástico, de modo que seja exercido por pessoas chamadas por Deus que demonstrem levar uma vida de comunhão com ele, que não sejam motivo de escândalo para o evangelho e, que sejam tecnicamente hábeis para a tarefa que executam". A diversidade da membresia, leva em consideração o fato de haverem diversos grupos diferentes na igreja (gênero, faixa etárias, formação, cultural) e que o plano pedagógico deve procurar abranger todos esses grupos.
O culto ao Senhor está diretamente ligado à educação cristã, pois é onde a Palavra de Deus é ensinada. Sendo que o culto que agrada a Deus é estabelecido por Ele mesmo, e não pelas intensões ou imaginações dos homens. Daí a necessidade de aprender mais sobre Deus. Esse conhecimento que obtemos de Deus através da Bíblia deve ser posto em prática, não pode ser apenas teórico. Isso se aplica a todos e especialmente àqueles que ensinam. A Palavra de Deus nos dá discernimento e sabedoria para praticarmos a verdade. Esse conhecimento é necessário também para combatermos ideias contrárias à Palavra de Deus. Muitas ideias podem parecer boas, mas, no fundo, podem ser armadilhas de Satanás. Como Paulo diz a Timóteo: "Toda Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para correção, para educação na justiça" (2 Tm 3.16). Em 15.4 diz: "Porque tudo o que dantes foi escrito, para nosso ensino foi escrito". É a Palavra de Deus que irá nos ensinar como agradar a Deus.
A Igreja, através da educação cristã, deve orientar seus membros a respeito desses perigos. Além disso, devemos confrontar o mundo com o pecado, mas como faremos isso não tivermos o conhecimento necessário? Evangelizar é levar luz onde há trevas.
O culto é o momento em que os membros se reúnem para adorar e aprender mais de Deus através da pregação, cânticos, orações e os sacramentos. Além do culto, em muitas igrejas é realizada a escola dominical, cujo objetivo é dar um ensino mais sistemático a respeito das Escrituras Sagradas. A escola dominical teve sua origem em 1780 em Gloucester, na Inglaterra. O jornalista anglicano Robert Raikes começou ministrar aulas de educação cristã para crianças, ensinando a Bíblia e os catecismos. A partir daí se espalhou para o mundo todo. A escola dominical também é um precioso instrumento para o ensino da Palavra de Deus. Assim como Moisés ensinou ao povo de Israel e Cristo ensinou aos seus discípulos, nós também devemos ensinar nossos filhos, amigos, parentes e a todos que nos cercam. Isso podemos também fazer através do culto doméstico, ensinando as crianças a ler a Bíblia, a orar e entoar cânticos ao Senhor. O objetivo da educação cristã é conduzir as pessoas a glorificar a Deus!
O conteúdo que será ensinado e os métodos que serão aplicados são de vital importância para garantir um bom desenvolvimento no aprendizado. Vários critérios devem ser avaliados antes de se definir o currículo que será aplicado. Se for usar algum material publicado, é importante verificar se o autor está comprometido com a fidelidade às Escrituras. O conteúdo deve: ser adequado para as faixas etárias; envolver os alunos; ser aplicável no seu contexto; atender as necessidades e interesses dos alunos. Além dessa preocupação com o currículo, é importante que os professores sejam crentes fiéis, demonstrem amor por seus alunos, sejam flexíveis em relação ao currículo e métodos e sejam bem treinados e capacitados para terem condições de realizem bem o seu trabalho. Por fim, é importante verificar se os recursos materiais estão disponíveis e se são apropriados.
A Bíblia nos ensina a buscar a sabedoria que vem de Deus e é Ele mesmo quem nos instrui, nos ensina, nos aconselha e nos dá entendimento e discernimento através da Bíblia. O ensino bíblico transforma a vida dos homens para serem obedientes a Deus e viverem em santidade. A Palavra de Deus é mais que suficiente para conhecermos a Deus e o que Ele requer de nós. Portanto, todo nosso ensino têm como pressuposto às verdades bíblicas. Olhamos para nosso mundo com as lentes do nosso conhecimento. Esse conhecimento precisa ser verdadeiro e só a Escritura pode nos dar o verdadeiro conhecimento.
Fonte: Artigos Ceibel
Bibliografia:
Temas Fundamentais da Educação Cristã - Robert W. Pazmino
Introdução à educação cristã - Hermisten Maia.
Diretrizes para o Ensino na Igreja Local - Karen B. Tye.
Educação em casa, na igreja, na escola - Filipe Fontes.
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