Com o objetivo de pensar corretamente acerca da salvação, é crítico começar no lugar certo e com a perspectiva alinhada. Os acurados pensamentos acerca da graça salvífica procedem de uma correta perspectiva acerca da verdade. Mas, qual será o melhor lugar onde começar a estudar a nossa grande salvação? Onde havemos de conquistar a melhor posição da qual ver a graça de Deus? Termos diante de nós três possibilidades:
Primeiro, poder-se-ia
dizer que o melhor ponto de partida para entender a salvação corretamente é a
conversão da gente. Qualquer cristão pode refletir sobre a graça de Deus em sua
vida, considerando a obra transformadora do Espírito Santo operada no novo
nascimento. É essencial compreender corretamente a obra soberana do Espírito
Santo na regeneração para entender adequadamente a salvação. Damos louvores a
Deus pela poderosa obra do Espírito convencendo-nos do pecado e nos chamando
para a fé em Cristo. Mas, se bem que esta é uma grandiosa perspectiva da qual
contemplamos a nossa salvação, não é um posto de observação suficientemente
elevado para vermos a nossa salvação.
Segundo, poder-se-ia dizer
que o melhor lugar para alguém saber mais a respeito da salvação está há dois
mil anos, com a morte substitutiva de Jesus Cristo na cruz. Para captarmos a
graça salvífica, devemos “contemplar a estupenda cruz na qual o Príncipe da
Glória morreu”, como Isaac Watts bem nos incentiva a fazer em seu grandioso
hino. Quando pendia da cruz, Cristo garantiu a redenção eterna do seu povo. Ver
Jesus Cristo ferido por nossas iniquidades! Contemplá-lo açoitado e abatido em
nosso favor! Certamente a sua morte salvífica dá-nos um necessário entendimento
da salvação – pois constitui o próprio coração do Evangelho. Mas, mesmo essa
perspectiva, grandiosa como é, não permite a visão mais clara.
Terceiro, poder-se-ia dizer
que o melhor lugar para entender a salvação é todo o caminho de volta à
eternidade pretérita. Na verdade, esse é o melhor ponto de observação para ver
e entender a graça salvífica de Deus. Ali, antes do princípio do tempo, Deus o
Pai elegeu os seus para com eles formar o seu povo. Ele os isolou dos demais
seres humanos para se tornarem os receptáculos de sua graça salvífica. Então o
Pai comissionou seu Filho para entrar no mundo, que ainda estava para ser
criado, e sofrer uma morte substitutiva em favor desses escolhidos. Naquela
altura, a morte de Jesus era tão certa que ele se tornou o Cordeiro de Deus,
morto desde antes da fundação do mundo. O Pai e o Filho, juntos, comissionaram
então o Espírito Santo para aplicar o mérito da morte de Cristo aos eleitos.
Somente observando a eternidade pretérita podemos ter a perspectiva própria
para uma plena compreensão da magnitude da nossa salvação.
Antes da criação do mundo, antes
de qualquer coisa ou de qualquer ser ter sido trazido à vida, Deus já tinha
posto em movimento seu plano de salvação. Quem iniciaria um empreendimento tão
grande, enorme, como a Criação do universo – e a salvação de um povo – sem um
plano específico para levá-lo à concretização com sucesso? Certamente Deus não
faria isso. Antes do princípio do tempo, ele traçou seu plano para tudo quanto
haveria de acontecer. Claro está que Deus não olhou pelo túnel
do tempo para ver o que o homem faria para, então, fazer suas escolhas baseadas
nas decisões do homem. Isso não seria planejar, mas reagir. A verdade é que o
Deus que tem pleno conhecimento de todas as coisas nunca olhou para o futuro
para aprender alguma coisa. Ele sempre soube e sabe tudo. Ao contrário, antes
da fundação do mundo, Deus determinou glorificar-se manifestando a sua grandeza
num povo que ele escolheu, para ser uma herança para seu Filho.
Na eternidade pretérita, o Pai
deu esta raça escolhida – os eleitos – a seu Filho como uma expressão do seu
amor por ele. Esse povo predestinado louvaria para sempre o Filho e se
conformaria à sua imagem. E mais: o Pai planejou todos os detalhes da história,
de modo que nada fosse deixado ao acaso. Segundo o seu propósito eterno, o Pai
determinou tudo o que acontece. Este plano é chamado decreto eterno de Deus, e
o seu desdobramento é conhecido como providência.
Tudo foi planejado antes da
Criação. Este é o lugar certo para começarmos a entender a nossa grande
salvação – antes da fundação do mundo.
Trecho do livro FUNDAMENTOS DA
GRAÇA, de Steven Lawson
(futuro lançamento da Editora Fiel).
Fonte: Blog Fiel
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