sexta-feira, 5 de dezembro de 2025

O Pecado e sua maldade

Para compreendermos a natureza do pecado e os fundamentos da luta contra ele segundo Jerry Bridges, precisamos olhar além das definições superficiais de comportamento e mergulhar em uma visão teológica que envolve tanto a nossa identidade quanto a majestade de Deus.

A Natureza Maligna do Pecado Nas fontes, Bridges argumenta que o pecado não deve ser visto apenas como os grandes escândalos morais da sociedade, mas como uma "malignidade espiritual e moral" que habita inclusive nos crentes. Ele utiliza a analogia do câncer: assim como um tumor maligno tem um potencial ilimitado de crescimento e invasão (metástase), o pecado, se deixado à vontade, contamina todas as áreas da nossa vida e se espalha para aqueles ao nosso redor,.

A gravidade do pecado reside no fato de que ele é uma ofensa direta a Deus. Bridges define o pecado como uma "traição cósmica" e uma rebeldia contra a autoridade soberana de Deus. Mesmo os pecados que consideramos "intocáveis" ou sutis — como ansiedade, frustração, ingratidão ou orgulho — são, na verdade, ataques à majestade e ao governo de Deus. Biblicamente, desprezar a lei de Deus é desprezar o próprio Deus, o que torna qualquer pecado algo hediondo aos Seus olhos,.

Uma percepção fundamental trazida pelo autor é que a raiz de todos esses pecados é a impiedade. Impiedade, aqui, não significa necessariamente perversidade, mas sim o ato de viver o dia a dia sem levar Deus em consideração,. É realizar as atividades diárias, tomar decisões e viver a vida como se Deus fosse irrelevante ou não existisse, o que acaba servindo de solo fértil para que outros pecados cresçam.

Os Fundamentos da Luta contra o Pecado O combate ao pecado não começa com força de vontade, mas com identidade e dependência.

  1. Identidade de "Santo": O fundamento primário é entender quem somos. Bridges explica que todo cristão é um "santo", não por suas realizações, mas por seu estado de ser "separado para Deus",. Fomos comprados e reservados para Ele. Assim, o pecado deve ser visto como uma "conduta imprópria a um santo", uma violação da nossa nova natureza e chamado. A luta contra o pecado é, essencialmente, o esforço para viver de acordo com quem já somos em Cristo.
  2. A Necessidade Diária do Evangelho: Muitas vezes pensamos que o evangelho é apenas para a salvação inicial, mas Bridges insiste que precisamos dele diariamente para lidar com a culpa e o poder do pecado. O evangelho nos assegura que nossos pecados estão perdoados, o que nos dá a segurança e a liberdade para sermos honestos sobre nossas falhas sem sermos esmagados pela culpa,. Saber que Deus não nos condena, mas está ao nosso lado nessa batalha, é o que nos motiva a lutar.
  3. Responsabilidade Dependente: A dinâmica da luta é descrita como "responsabilidade dependente". Isso significa que somos responsáveis por agir, obedecer e mortificar o pecado, mas somos totalmente dependentes do Espírito Santo para nos capacitar a fazer isso. Não podemos ser passivos, mas também não podemos confiar na nossa própria força; é o Espírito que torna a vitória possível, aplicando a obra de Cristo em nós,.

Estratégias Práticas Para travar essa batalha, o autor sugere "pregar o evangelho a si mesmo todos os dias", lembrando-se do perdão e da justiça de Cristo,. Além disso, devemos identificar áreas específicas de pecado (como ansiedade, que é falta de confiança na providência de Deus, ou ingratidão), memorizar versículos aplicáveis e orar continuamente pedindo a ajuda do Espírito,.

Uma Analogia para Conclusão Pense na natureza do pecado e na luta contra ele como o tratamento de uma doença grave, como o câncer mencionado pelo autor. Ignorar os sintomas (os pecados sutis como impiedade ou ansiedade) porque não parecem letais imediatamente é permitir que a doença (a malignidade moral) se espalhe e comprometa todo o corpo,. O evangelho age como o diagnóstico preciso e a cura garantida que remove a condenação fatal da doença, enquanto o Espírito Santo é o médico residente que administra o tratamento diário, nos fortalecendo e guiando no processo doloroso, mas necessário, de extirpar o que não pertence a um corpo saudável e vivo,. Nossa tarefa não é fingir que estamos saudáveis, mas nos submeter ativamente a esse tratamento, confiando na competência daquele que nos cura.

Pb. Evandro Marinho

Fonte: Pecados Intocáveis

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