quinta-feira, 27 de março de 2025

A Quaresma: Tradição Humana ou Prática Bíblica? | Pb. Evandro Marinho

A prática da Quaresma, amplamente observada pela Igreja Católica Romana e por algumas tradições protestantes, levanta questões importantes para aqueles que buscam um cristianismo enraizado na Escritura. A história mostra que a Quaresma não é uma prática dos primeiros cristãos e tem conexões com festivais pagãos que antecederam o cristianismo. Neste artigo, analisaremos a origem histórica da Quaresma, seu desvio das Escrituras e a crítica de reformadores protestantes.

A Origem Histórica da Quaresma

A Quaresma é um período de 40 dias de jejum e penitência, culminando na Páscoa. Seguindo o testemunho de historiadores cristãos, essa prática começou a ser instituída no século II por Teléforo, bispo de Roma, mas foi oficializada somente em 519 d.C. A adoção desse período de abstinência pode ter sido uma tentativa de substituir uma antiga prática pagã relacionada a Tamuz, uma divindade babilônica que era pranteada por 40 dias após sua morte.

Essa conexão com ritos pagãos é preocupante, pois Deus ordenou claramente ao Seu povo que não adotasse práticas dos pagãos (Deuteronômio 12:30-32). O profeta Ezequiel também denunciou a prática das mulheres chorando por Tamuz no templo (Ezequiel 8:14-15), demonstrando a desaprovação divina a essas tradições.

O Que Diz a Escritura?

A Palavra de Deus é a única autoridade para a fé e a prática cristã. No Novo Testamento, não encontramos qualquer ordenança para observar a Quaresma ou qualquer outro período de jejum litúrgico prescrito anualmente. Em Colossenses 2:16-17, o apóstolo Paulo adverte contra a imposição de festivais e práticas externas como necessárias para a vida cristã:

"Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa dos dias de festa, ou da lua nova, ou dos sábados, que são sombra das coisas futuras, mas o corpo é de Cristo" (Cl 2:16-17).

A imposição da Quaresma como um tempo especial de espiritualidade pode levar à falsa ideia de que algumas obras externas podem contribuir para nossa justificação, o que é frontalmente rejeitado pelo ensino bíblico (Efésios 2:8-9).

A Denúncia dos Reformadores

Os reformadores protestantes, como Martinho Lutero, João Calvino e Ulrico Zuínglio, criticaram duramente a imposição de práticas religiosas não prescritas na Escritura. Lutero afirmou que a verdadeira espiritualidade não vem de "privações humanas, mas da fé verdadeira em Cristo". Calvino, em suas "Institutas", destacou que qualquer acréscimo à Palavra de Deus corrompe a verdadeira religião. Ele escreveu:

"Deus não deseja ser honrado de outro modo senão segundo Sua Palavra, e não aceita as invenções humanas em Sua adoração" (Institutas, Livro IV, Cap. 10).

Conclusão: Retornemos às Escrituras!

A prática da Quaresma é um exemplo de como tradições humanas podem se infiltrar na adoração cristã, desviando os crentes da simplicidade do evangelho. Não precisamos de ritos instituídos por homens para buscar a Deus, mas da fé verdadeira em Cristo e de uma vida de arrependimento e santidade constante, não limitada a um período específico do ano.

O verdadeiro jejum é aquele que nasce de um coração arrependido e transformado pelo Evangelho, conforme Isaías 58:6:

"Porventura não é este o jejum que escolhi? Que soltes as ligaduras da impiedade, que desfaças as ataduras do jugo, e que deixes livres os oprimidos, e despedaces todo jugo?"

Portanto, ao invés de nos submetermos a tradições humanas, voltemo-nos para a suficiência das Escrituras e para a verdadeira liberdade em Cristo.

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