domingo, 9 de fevereiro de 2025

O que a bíblia diz sobre o divórcio | Pb. Evandro Marinho

A questão do divórcio à luz das Escrituras é um tema teológico de grande importância, pois reflete a natureza da aliança de Deus com Seu povo e os princípios divinos para o relacionamento conjugal. A análise dos textos fornecidos revela que Deus vê o casamento como uma aliança solene e considera o divórcio uma violação dessa aliança, ainda que, em certos casos, seja permitido devido à dureza do coração humano.

1. O Casamento como Aliança Irrevogável

Gênesis 2.24 estabelece o fundamento do casamento na ordem criacional:  

"Portanto, deixará o homem o seu pai e a sua mãe, e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne."  

Este versículo apresenta três aspectos fundamentais do casamento:  

1. Separação – O homem deixa a família original para formar uma nova unidade familiar.  

2. Unidade – O vínculo conjugal é exclusivo.  

3. Permanência – O casal torna-se "uma só carne", uma expressão que sugere uma união indissolúvel.  

A palavra hebraica דָּבַק (dabaq), traduzida como "apegar-se-á", denota um vínculo forte e duradouro, frequentemente usado no Antigo Testamento para descrever a fidelidade de Israel a Deus (Dt 10.20).

2. Deus Detesta o Divórcio (Malaquias 2.14-16)

Malaquias 2.14-16 reforça a natureza da aliança do casamento e a visão de Deus sobre o divórcio:  

"Porque o Senhor foi testemunha entre ti e a mulher da tua mocidade, com a qual foste desleal, sendo ela tua companheira e a mulher da tua aliança."* (Ml 2.14)  

A palavra "aliança" (בְּרִית, berit) enfatiza que o casamento é um compromisso sagrado. O versículo 16 é claro:  

"Porque o Senhor Deus de Israel diz que odeia o divórcio."

A razão apresentada é que o divórcio viola a fidelidade da aliança e causa violência. Assim, Deus exorta a fidelidade no casamento.

3. O Ensino de Jesus sobre o Divórcio

Jesus reafirma a visão da aliança indissolúvel do casamento e limita as permissões para o divórcio.

Mateus 19.6-9; Jesus declara:  

"Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem." (Mt 19.6)  

Os fariseus questionam sobre a permissão mosaica para o divórcio (Dt 24.1-4), e Jesus responde que Moisés permitiu por causa da dureza do coração humano, mas que não era o ideal divino.  

Ele estabelece uma exceção:  

"Eu, porém, vos digo que qualquer que repudiar sua mulher, não sendo por causa de fornicação, e casar com outra, comete adultério."* (Mt 19.9)  

A palavra grega πορνεία (porneia) refere-se a imoralidade sexual, o que indica que o adultério pode dissolver a união, pois rompe a aliança da fidelidade.

Mateus 5.32; Jesus reitera essa visão ao dizer:  

"Qualquer que repudiar sua mulher, a não ser por causa de fornicação, faz com que ela cometa adultério; e qualquer que casar com a repudiada comete adultério."

Isso mostra que o divórcio sem base legítima leva ao pecado.

Marcos 10.11-12 e Lucas 16.18

Esses textos reafirmam que o divórcio seguido de novo casamento resulta em adultério, sem mencionar exceções.

4. O Ensino de Paulo sobre o Divórcio

Romanos 7.2-3; Paulo usa a metáfora do casamento para ilustrar a relação entre a Lei e Cristo:  

"Porque a mulher casada está ligada pela lei ao marido enquanto ele vive; mas, se o marido morrer, fica livre da lei do marido."

Isso reforça a permanência do casamento até a morte.

1 Coríntios 7.10-11, 39; Paulo enfatiza que o casamento deve ser mantido:  

"Todavia, aos casados mando, não eu, mas o Senhor, que a mulher não se aparte do marido. Se, porém, se apartar, que fique sem casar, ou que se reconcilie com o marido; e que o marido não deixe a mulher."

Ele permite a separação, mas não recomenda novo casamento.  

No versículo 39, ele reafirma que a aliança matrimonial dura até a morte:  

"A mulher casada está ligada pela lei todo o tempo que seu marido vive; mas, se falecer seu marido, fica livre para casar com quem quiser, contanto que seja no Senhor."

5. Aplicação Teológica e Pastoral

Deus vê o casamento como uma aliança indissolúvel, e o divórcio é permitido apenas em casos excepcionais, como adultério e abandono irreversível (1Co 7.15). O chamado cristão é à fidelidade e reconciliação sempre que possível.

Aqui estão as fontes utilizadas na pesquisa sobre a visão bíblica do divórcio, conforme os textos indicados:

Pb. Evandro Marinho

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