“(…) Por que estais dormindo? Levantai-vos, e orai, para que não entreis em tentação” (Lc 22:46)
Quando o cristão está mais sujeito a dormir? Não é quando suas circunstâncias temporais são prósperas? Acaso você já não se deparou com isso? Quando você teve problemas diários para levá-los ao trono da graça, não estava você mais desperto do que está agora? Estradas fáceis fazem os viajantes sonolentos.
Outro momento perigoso é quando tudo vai agradavelmente bem em assuntos espirituais. “Cristão” não dormiu quando havia leões pelo caminho, ou quando vadeava através do rio, ou quando lutou com “Apolion”, mas quando subiu a metade do caminho, até o “Monte da Dificuldade”, e chegou ao agradável caramanchão, ele se sentou e logo adormeceu, para sua grande tristeza e perda.
A terra encantada é um lugar de brisa agradável, carregada de odores perfumados e suaves influências, tudo tendente a acalmar os peregrinos e fazê-los dormir. Lembre-se da descrição de Bunyan: “Então, chegaram a um caramanchão tranquilo, que prometia muito frescor aos cansados peregrinos, pois foi finamente trabalhado, embelezado com gramados, e adornado com bancos e poltronas.
Há, também, nele um sofá macio, onde o cansado pode se inclinar; o caramanchão foi chamado amigo do preguiçoso, e foi feito com o propósito de seduzir; alguns dos peregrinos tomam lá seu descanso quando cansados”. Dependendo, é nos lugares fáceis que os homens fecham os olhos e vagueiam na terra do sonho do esquecimento. Erskine sabiamente comentou: “Eu gosto mais de um diabo rugindo do que um diabo dormindo”. Não há tentação tão perigosa como não ser tentado.
A alma angustiada não dorme; é depois de entrarmos em confiança pacífica, e em plena certeza, que estamos em perigo de adormecer. Os discípulos caíram no sono depois de terem visto Jesus transfigurado no topo da montanha. Acautelai-vos, alegres cristãos, bons momentos são vizinhos próximos das tentações; seja feliz como você deseja, apenas esteja atento.
Por Charles H. Spurgeon
● “Cristão”, “Apolion” e “Monte da Dificuldade” são referências ao livro O Peregrino, escrito pelo pregador John Bunyan (1628–1688) em 1678. (N.T.)
● Thomas Erskine (1750–1823) foi um advogado e político britânico. Ele serviu como Lorde Chanceler do Reino Unido entre 1806 e 1807. (N.T.)
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