Vigiai,
estai firmes na fé, portai-vos varonilmente e fortalecei-vos.
(I Cor
16.13)
A igreja,
neste momento, precisa de homens, o tipo certo de homens, homens ousados.
Afirma-se que necessitamos de avivamento e de um novo movimento do
Espírito; Deus, sabe que precisamos de ambas as coisas. Entretanto, Ele não
haverá de avivar ratinhos. Não encherá coelhos com seu Espírito Santo.
A igreja
suspira por homens que se consideram sacrificáveis na batalha da alma,
homens que não podem ser amedrontados pelas ameaças de morte, porque já
morreram para as seduções deste mundo. Tais homens estarão livres das
compulsões que controlam os homens mais fracos. Não serão forçados a fazer
as coisas pelo constrangimento das circunstâncias; sua única compulsão virá
do íntimo e do alto.
Esse tipo
de liberdade é necessária, se queremos ter novamente, em nossos púlpitos,
pregadores cheios de poder, ao invés de mascotes. Esses homens livres
servirão a Deus e à humanidade através de motivações elevadas demais, para
serem compreendidas pelo grande número de religiosos que hoje entram e saem
do santuário. Esse homens jamais tomarão decisões motivados pelo medo, não
seguirão nenhum caminho impulsionados pelo desejo de agradar, não
ministrarão por causa de condições financeiras, jamais realizarão qualquer
ato religioso por simples costume; nem permitirão a si mesmos serem
influenciados pelo amor à publicidade ou pelo desejo por boa reputação.
Muito do
que a igreja faz em nossos dias, ela o faz porque tem medo de não fazê-lo.
Associações de pastores atiram-se em projetos motivados apenas pelo temor
de não se envolverem em tais projetos.
Sempre que
o seu reconhecimento motivado pelo medo (do tipo que observa o que os
outros dizem e fazem) os conduz a crer no que o mundo espera que eles
façam, eles o farão na próxima segunda-feira pela manhã, com toda a espécie
de zelo ostentoso e demonstração de piedade. A influência constrangedora da
opinião pública é quem chama esses profetas, não a voz de Jeová.
A
verdadeira igreja jamais sondou as expectativas públicas, antes de se
atirar em suas iniciativas. Seus líderes ouviram da parte de Deus e
avançaram totalmente independentes do apoio popular ou da falta deste
apoio. Eles sabiam que era vontade de Deus e o fizeram, e o povo os seguiu (às
vezes em triunfo, porém mais freqüentemente com insultos e perseguição
pública); e a recompensa de tais líderes foi a satisfação de estarem certos
em um mundo errado.
Outra
característica do verdadeiro homem de Deus tem sido o amor. O homem livre,
que aprendeu a ouvir a voz de Deus e ousou obedecê-la, sentiu o mesmo fardo
moral que partiu os corações dos profetas do Antigo Testamento, esmagou a
alma de nosso Senhor Jesus Cristo e arrancou abundantes lágrimas dos
apóstolos.
O homem
livre jamais foi um tirano religioso, nem procurou exercer senhorio sobre a
herança pertencente a Deus. O medo e a falta de segurança pessoal têm
levado os homens a esmagarem os seus semelhantes debaixo de seus pés. Esse
tipo de homem tinha algum interesse a proteger, alguma posição a assegurar;
portanto, exigiu submissão de seus seguidores como garantia de sua própria
segurança. Mas o homem livre, jamais; ele nada tem a proteger, nenhuma
ambição a perseguir, nenhum inimigo a temer. Por esse motivo, ele é alguém
completamente descuidado a respeito de seu prestígio entre os homens. Se o
seguirem, muito bem; caso não o sigam, ele nada perde que seja querido ao
seu coração; mas, quer ele seja aceito, quer seja rejeitado, continuará
amando seu povo com sincera devoção. E somente a morte pode silenciar sua
terna intercessão por eles.
Sim, se o
cristianismo evangélico tem de permanecer vivo, precisa novamente de
homens, o tipo certo de homens. Deverá repudiar os fracotes que não ousam
falar o que precisa ser externado; precisa buscar, em oração e muita
humildade, o surgimento de homens feitos da mesma qualidade dos profetas e
dos antigos mártires. Deus ouvirá os clamores de seu povo, assim como Ele
ouviu os clamores de Israel no Egito. Haverá de enviar libertação, ao
enviar libertadores. É assim que Ele age entre os homens.
E, quando
vierem os libertadores... serão homens de Deus, homens de coragem. Terão
Deus ao seu lado, porque serão cuidadosos em permanecer ao lado dEle; serão
cooperadores com Cristo e instrumentos nas mãos do Espírito Santo...
A. W. Tozer
Fonte: Editora Fiel
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