quarta-feira, 25 de abril de 2012

A Felicidade de Deus: Fundamento Para o Hedonismo Cristão | Por John Piper


Jeremias 32:36-41

Agora, pois, assim diz o Senhor, o Deus de Israel, acerca desta cidade, da qual vós dizeis: Já está entregue nas mãos do rei da Babilônia, pela espada, pela fome e pela peste. 37 Eis que eu os congregarei de todas as terras, para onde os lancei na minha ira, no meu furor e na minha grande indignação; tornarei a trazê-los a este lugar e farei que nele habitem seguramente. 38 Eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus. 39 Dar-lhes-ei um só coração e um só caminho, para que me temam todos os dias, para seu bem e bem de seus filhos. 40 Farei com eles aliança eterna, segundo a qual não deixarei de lhes fazer o bem; e porei o meu temor no seu coração, para que nunca se apartem de mim. 41 Alegrar-me-ei por causa deles e lhes farei bem; plantá-los-ei firmemente nesta terra, de todo o meu coração e de toda a minha alma.

Uma vez, eu me referi à idéia do hedonismo cristão em um culto de domingo, e um parente depois veio para mim e disse, “Você sabia que nossa menina pequena pensou que você estava dizendo paganismo cristão?” Eu sei que mesmo quando eu pronuncio claramente ( hedonismo cristão ), alguns de vocês provavelmente ainda pensarão “paganismo” porque você crê que hedonismo é uma filosofia de vida pagã. E provavelmente você estará certo porque o significado popular de hedonismo é a busca por prazer e indiferença moral. Em 2 Timóteo 3:4 Paulo avisa que nos últimos dias os homens seriam “mais amigos dos prazeres que amigos de Deus”. E certamente estamos nestes dias.

Paganismo cristão?

Dois anos atrás Daniel Yankelovitch publicou um livro com título Novas regras: a busca pela auto-satisfação em um mundo virado de cabeça para baixo. Ele argumenta baseado em extensas entrevistas e pesquisas nacionais, que têm ocorrido mudanças enormes na nossa cultura e que a busca difundida por auto-satisfação tem criado um novo jogo de regras que governam a maneira que pensamos e sentimos como americanos. Ele diz, “em sua forma extrema as novas regras simplesmente viram as velhas de ponta cabeça e no lugar da velha ética da auto-negação nós encontramos pessoas que se recusam a negar qualquer coisa a si mesmas – não por um apetite desenfreado, mas pelo estranho princípio moral que “eu tenho esta obrigação comigo mesmo” (p. xviii).
Ele conta de uma jovem mulher com seus trinta e cinco anos que estava reclamando ao seu psiquiatra que ela estava ficando nervosa e ansiosa porque a vida tinha se tornada tão agitada – demais fins-de-semana prolongados, demais discotecas, demais noitadas, demais conversas, demais vinho, demais drogas, demais sexo. “Por que você não pára?” perguntou o terapeuta suavemente. A paciente o fitou inexpressivamente por um momento, e depois seu rosto iluminou-se, como que deslumbrada pela descoberta: “Você quer dizer que eu não preciso realmente fazer o que eu quero?” ela estourou maravilhada. A marca dos que procuram esta nova auto-satisfação é que “eles operam na premissa que desejos emocionais são objetos sagrados e que é um crime contra a natureza nutrir uma necessidade emocional não satisfeita” (p. 59). “Nossa era é a primeira em que dezenas de milhões de pessoas oferecem como justificação moral para seus atos a idéia de que um eu interior e presumidamente mais ‘real’ não se enquadra bem com seu papel social designado.”

Provavelmente o relacionamento em que os procuradores da auto-satisfação e suas novas regras têm causado a maior agitação é o casamento. Yankelovitch tem uma boa percepção quando diz, “Casamentos bem-sucedidos são tecidos com muitos fios de desejos inibidos – adesão aos desejos do outro; aceitação da violação dos seus próprios desejos; desapontamentos engolidos; confrontações evitadas; oportunidades para a raiva contornadas; chances para auto-expressão abafadas. Para introduzir a urgência da forte forma de auto-satisfação neste processo é levar uma vassoura para uma delicada teia. Muitas vezes o que sobra é aquela coisa pegajosa que cola na vassoura; a estrutura da teia é destruída” (p. 76).

Por isso, eu tenho uma grande empatia com aqueles de vocês que estão livres o suficiente da nossa cultura para reagir a palavra hedonismo dizendo, “Basta! Nossos lares, nossas escolas, nossos empreendimentos, nossa sociedade estão sendo destruídos pelos que procuram uma auto-satisfação hedonista e que não têm nenhuma coragem moral, nem auto-negação, nem compromisso marcante e nem lealdade sacrificial que segura as preciosas estruturas da vida e traz nobreza a nossa cultura. Nós não precisamos de hedonismo; precisamos de um retorno a retidão, integridade, prudência, justiça, temperança, firmeza, auto-controle!” Acredite, estamos provavelmente mais de acordo do que você imagina. Tudo o que lhe peço é que você me dê um ouvido aberto e discernente por nove semanas antes que você faça seu julgamento final concernente ao hedonismo cristão.

 Exemplos bíblicos de hedonismo cristão

Às vezes uma ilustração vale mais que mil palavras de uma definição abstrata. Então, em vez de lhe dar uma definição precisa do hedonismo cristão, deixe-me começar dando alguns exemplos bíblicos dele. Davi aconselha o hedonismo cristão quando ele recomenda, “Agrada-te do Senhor; e ele satisfará os desejos do teu coração” ( Salmo 37:4 ). E ele demonstra a essência do hedonismo cristão quando ele exclama, “Como suspira a corça pelas correntes das águas, assim, por ti, ó Deus, suspira a minha alma. A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo” ( Salmo 42: 1-2 ). Moisés foi um hedonista cristão ( de acordo com Hebreus 11: 24-27 ) porque ele recusou os “prazeres transitórios” do pecado, mas “considerou o opróbrio de Cristo por maiores riquezas do que os tesouros do Egito, porque contemplava o galardão.” Os santos em Hebreus 10:34 eram hedonistas cristãos porque eles escolheram ariscar suas vidas para visitar prisioneiros cristãos e aceitaram com alegria o espólio de seus bens sabendo que eles mesmos tinham um patrimônio melhor e durável. O apóstolo Paulo recomendou o hedonismo cristão quando ele disse em Romanos 12:8: “Quem exerce misericórdia, que faça com alegria.” E Jesus Cristo, o autor e consumador da nossa fé, estabeleceu o maior padrão para o hedonismo cristão porque “se deleitou no temor do Senhor” (Isaías 11:3), e em troca da alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz, não fazendo caso da ignomínia, e está assentado à destra do trono de Deus ( Hebreus 12:2 ).

O hedonismo cristão ensina que o desejo de ser feliz é dado por Deus e não deve ser negado ou resistido, mas direcionado a Deus para satisfação. O hedonismo cristão não diz que qualquer coisa que lhe dá prazer é boa. Diz que Deus lhe mostrou o que é bom e faze-lo há de lhe trazer alegria ( Miquéias 6:8 ). E desde que fazer a vontade de Deus há de lhe trazer alegria, a busca pela alegria é uma parte essencial de todo esforço moral. Se você abandonar a busca pela alegria ( e assim recusar ser um hedonista, como eu uso o termo ), você não poderá cumprir a vontade de Deus. O hedonismo cristão afirma que os santos mais piedosos de todas as eras não encontraram nenhuma contradição em dizer, por um lado “Somos entregues à morte o dia todo, fomos considerados como ovelhas para o matadouro” ( Romanos 8:36 ), e por outro lado, “Alegrai-vos sempre no Senhor, outra vez digo: alegrai-vos” ( Filipenses 4:4 ). O hedonismo cristão não se junta a cultura da auto-gratificação que lhe faz escravo de seus impulsos pecaminosos. O hedonismo cristão manda que não sejamos conformados com este século, mas que sejamos transformados pela renovação das nossas mentes ( Romanos 12:2 ) para que possamos sentir prazer em fazer a vontade de nosso Pai no céu. De acordo com o hedonismo cristão alegria em Deus não é a cobertura opcional no bolo do cristianismo. Pensando bem, alegria em Deus é parte essencial da fé salvadora.

Hoje quero desvendar para você a base do hedonismo cristão: a felicidade de Deus. Eu espero sustentar três observações das Escrituras: 1) Deus é feliz porque tem prazer nEle mesmo. 2) Deus é feliz porque é soberano. 3) A felicidade de Deus é a base do hedonismo cristão porque transborda em misericórdia para nós.

Deus tem prazer nEle mesmo

Primeiro, Deus é feliz porque ele tem prazer nEle mesmo. Deus seria injusto se Ele valorizasse algo mais do que o que é mais valoroso. E Ele é supremamente valioso. Se Ele não tivesse prazer infinito em sua própria glória, Ele seria injusto, porque é certo ter prazer em uma pessoa na proporção da excelência da sua glória. As Escrituras estão saturadas com textos mostrando como Deus age determinadamente por amor a sua própria glória. “Por amor de mim, por amor de mim, é que eu faço isto; porque como seria profanado o meu nome? A minha glória, não a dou a ninguém” ( Isaías 48:11 ).

A mesma coisa aparece quando refletimos sobre o relacionamento de Deus o Pai e Deus o Filho. Existe um mistério aqui que vai além de toda compreensão humana. E eu admito que o nosso esforço teológico para descrever a auto-consciência de Deus e seu relacionamento com a Trindade são como o gaguejar da criancinha sobre seu pai. Mas mesmo da boca dos pequeninos pode sair sabedoria, se seguimos as Escrituras. As Escrituras ensinam, que Jesus Cristo, o Filho de Deus, é Deus ( João 1:1 ). E em Hebreus 1:3 fala que “ele é o resplendor da glória e a expressão exata do seu Ser”. 2 Coríntios 4:4 fala da glória de Cristo que é a imagem de Deus. Destas passagens aprendemos que desde toda a eternidade Deus o Pai assegurou a imagem de sua glória perfeitamente representada na pessoa do seu Filho. Por isso, a melhor maneira de pensar sobre a imensa alegria de Deus em sua própria glória é pensar em como Ele tem prazer no seu Filho que é a imagem desta glória. Quando Jesus entrou no mundo, Deus o Pai disse: “Este é meu Filho amado, em quem me comprazo.” ( Mateus 3:17 ) Quando Deus o Pai assegura a glória de sua própria essência na pessoa do seu Filho, Ele é infinitamente feliz. “Eis aqui meu servo, a quem sustenho; o meu escolhido, em quem a minha alma se compraz” ( Isaías 42:1 ). Então, a primeira observação é que Deus é feliz, porque Ele tem prazer nEle mesmo, especialmente em sua natureza refletida no Seu Filho amado.

Deus é soberano

Em segundo lugar, Deus é feliz, porque Ele é soberano. O Salmo 115:3 diz: “No céu está o nosso Deus e tudo faz como lhe agrada.” A implicação deste versículo é que a soberania de Deus é seu direito e poder para fazer qualquer coisa que lhe deixe feliz. Nosso Deus está no céu – ele está sobre todas as coisas e sujeito a nada. Por isso, Ele faz qualquer coisa que lhe agrada – ele sempre age para preservar a sua felicidade máxima. Deus é feliz porque seus atos justos, que sempre são feitos por amor da sua própria glória, nunca podem ser frustrados além da vontade de Deus. Isaías 43:13: “Ainda antes que houvesse dia, eu era; e nenhum há que possa livrar alguém das minhas mãos; agindo eu, quem o impedirá?” Isaías 46: 10: “O meu conselho permanecerá de pé, farei toda a minha vontade.” Daniel 4:35: “Segundo a sua vontade, ele opera com o exército do céu e os moradores da terra; não há quem lhe possa deter a mão, nem lhe dizer: Que fazes?” Podemos estar certos, então, que Deus está infinitamente feliz porque ele tem o direito e o poder absoluto como Criador de ultrapassar todos os obstáculos para sua alegria.

Vale a pena perguntar aqui, fazendo um parêntesis, como um Deus bom pode ser feliz quando o mundo está cheio de sofrimento e maldade. É uma grande e difícil pergunta. Duas coisas me ajudam. Uma é que não ajuda muito salvar a reputação de Deus dizendo que ele não é realmente responsável. Se alguém tivesse tentado me confortar em dezembro de 1974 quando minha mãe foi morta em um acidente de ônibus, dizendo: “Deus não queria que isto acontecesse; você ainda pode confiar nele, ele é bom.” Eu teria respondido, dizendo: “Meu conforto não vem de pensar que Deus é tão fraco que ele não pode evitar que as madeiras caiam em cima de uma van da Volkswagen.” Meu Deus é soberano. Ele a tomou no seu tempo determinado; e eu creio agora e um dia verei que foi bom. Porque tenho aprendido em Jesus Cristo que Deus é bom. A solução bíblica para o problema do mal não é roubar a soberania de Deus.

A outra observação que me ajuda nesta questão é que a atitude de Deus diante de eventos trágicos depende do foco das lentes. Deus não tem prazer na dor e no sofrimento considerados simplesmente neles mesmos. Quando sua lente está perto e focada somente nisto, ele pode estar cheio de aborrecimento e pesar. Mas quando ele abre as lentes para ver todas as conexões e efeitos de um evento, mesmo até a eternidade, o evento forma uma parte de uma estampa ou mosaico em que ele se compraz e que ele quer. Por exemplo, a morte de Cristo foi obra de Deus o Pai. “Nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido... ao Senhor agradou moê-lo, fazendo-o enfermar” ( Isaías 53:4,10 ).Porém, certamente , quando Deus o Pai viu a agonia do seu filho amado e a maldade que o levou a cruz, ele não teve prazer nestas coisas por elas mesmas. O pecado em si e o sofrimento do inocente em si são repugnantes para Deus. Mas de acordo com Hebreus 2:10 Deus o Pai pensou que fosse conveniente aperfeiçoar o Autor da nossa salvação por meio do sofrimento. Deus quis o que ele abomina na visão mais estreita porque na visão mais ampla da eternidade era a maneira conveniente de demonstrar sua justiça ( Romanos 3:25s) e trazer seu povo para a glória (Hebreus 2:10). Quando Deus, em sua onisciência, observa o alcance da história redentora do começo ao fim, ele se regozija no que vê. Portanto, eu concluo que nada no mundo pode frustrar a suprema felicidade de Deus. Ele tem prazer infinito na sua própria glória; e em sua soberania ele faz o que lhe agrada.

A felicidade de Deus transborda em misericórdia sobre nós

Isto nos leva a observação final: A felicidade de Deus é a base para o hedonismo cristão porque sua felicidade transborda em misericórdia sobre nós. Você pode imaginar como seria se Deus que reina sobre o mundo não fosse feliz? O que seria se Deus fosse dado a murmurar e fazer beicinho e depressivo como alguns Joões no pé-de-feijão gigantes lá no céu? Que seria se Deus fosse desanimado e melancólico e triste e descontente e pessimista e frustrado? Poderíamos nos juntar a Davi e dizer: “Ó Deus, tu és o meu Deus forte; eu te busco ansiosamente; a minha alma tem sede de ti; meu corpo te almeja, como terra árida, exausta, sem água” ( Salmo 63:1 ) ? De maneira alguma! Nós todos nos relacionaríamos com Deus como crianças pequenas se relacionam com um pai melancólico, desanimado, descontente e frustrado. Elas não podem desfrutá-lo. Elas podem apenas tentar evitá-lo e talvez tentar trabalhar por ele para que ele se sinta melhor. Por isso, a base do hedonismo cristão é que Deus é infinitamente feliz, porque o alvo do hedonismo cristão é ser feliz em Deus, é ter prazer em Deus, é valorizar e desfrutar da comunhão com Deus. Mas as crianças não podem desfrutar da companhia do pai se ele está desanimado e deprimido e frustrado. E assim a base e o fundamento do hedonismo cristão é que Deus é o mais feliz de todos os seres.

Aqui está uma outra maneira de dizê-lo. Para que um pecador possa buscar a alegria em Deus, ele precisa estar confiante de que Deus não o expulsará quando ele chegar procurando perdão e comunhão. Como podemos ser encorajados de que Deus nos tratará com misericórdia quando nos arrependermos dos nossos pecados e chegarmos buscando alegria nEle? Considere este encorajamento de Jeremias 9:24: “Eu sou o Senhor e faço misericórdia , juízo e justiça na terra; porque destas coisas me agrado, diz o Senhor.” Deus mostra misericórdia porque ele tem prazer nisto. Deus não está restrito a salvar por algum princípio ou regra formal. Ele está tão cheio de vida e alegria na sua própria glória que o clímax do seu prazer é transbordar em misericórdia para nós. O motivo da nossa confiança na misericórdia de Deus é que ele é um hedonista cristão perfeito. Ele se compraz acima de todas as coisas na sua excelência divina e a sua felicidade é tão completa que se expressa no prazer que ele tem de compartilhá-la com outros.

Escute os batimentos cardíacos do perfeito hedonista celestial em Jeremias 32: 40-41. Porque Deus faz o bem? Como ele te ama?

“Farei com eles aliança eterna, segundo a qual não deixarei de lhes fazer o bem; e porei o meu temor no seu coração, para que nunca se apartem de mim. Alegrar-me-ei por causa deles e lhes farei bem; plantá-los-ei firmemente nesta terra, de todo o meu coração e de toda a minha alma.”

Deus lhe faz o bem porque ele gosta muito de fazê-lo. Ele exerce esta atividade de amá-lo de todo o seu coração e de toda a sua alma. A felicidade de Deus transbordando em alegre amor é a base e o exemplo do hedonismo cristão.

Eu termino com um convite. Essas promessas preciosas e incríveis do favor de Deus não pertencem a todos. Há uma condição. Não é uma condição de trabalho ou pagamento. Um Deus soberano e infinitamente feliz não precisa do seu trabalho e já possui todos os seus recursos. A condição é que você se torne um hedonista cristão – que você pare de tentar pagar ou trabalhar para ele ou correr dele, e em vez disto comece a buscar com todo o seu coração a alegria incomparável da comunhão com o Deus vivo.

“Não faz caso da força do cavalo,
nem se compraz nos músculos do guerreiro.
Agrada-se o Senhor dos que o temem
E dos que esperam na sua misericórdia.” ( Salmo 147:10 – 11 )

A condição para herdar todas as promessas de Deus é que toda a esperança de felicidade que você tenha colocado em você mesmo e na sua família e no seu emprego e lazer você transfira para ele. “Agrada-te do Senhor, e ele satisfará os desejos do teu coração.” ( Salmo 37:4 )

Por: John Piper 

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