sexta-feira, 13 de maio de 2011

Como ser um crente cheio do espírito santo

Referência: Efésios 5.18-21

INTRODUÇÃO

• Paulo, nesta cessão prática, falou sobre a unidade e a pureza da igreja. Agora, vai falar sobre novos relacionamentos. No restante da carta, ele concentra-se em mais duas dimensões do viver cristão.
• A primeira diz respeito aos relacionamentos práticos (lar e trabalho) e a segunda dimensão diz respeito ao inimigo que enfrentamos. Essas duas responsabilidades (o lar e o trabalho de um lado, e o combate espiritual do outro) são bem diferentes entre si. O marido e a esposa, os pais e os filhos, os senhores e os servos são seres humanos visíveis e tangíveis, ao passo que o diabo e suas hostes dispostos a trabalhar contra nós são seres demoníacos, invisíveis e intangíveis. Nossa fé deve estar à altura dessas duas dimensões.
• Paulo introduz essas duas dimensões com um imperativo e quatro particípios: enchei-vos + falando + louvando + dando graças + submetendo.

A IMPORTÂNCIA DA PLENITUDE DO ESPÍRITO SANTO

1. Seria impossível exagerar a importância que o Espírito Santo exerce em nossa vida: Paulo já falou que somos selados pelo Espírito (1:13-14) e que não devemos entristecer o Espírito (4:30). Agora nos ordena a sermos cheios do Espírito (5:18).
2. É o Espírito Santo que nos convence do pecado. É ele que opera em nós o novo nascimento. É ele quem nos ilumina o coração para entendermos as Escrituras. É ele quem nos consola e intercede por nós com gemidos inexprimíveis. É ele quem nos batiza no corpo de Cristo. É ele quem testifica com o nosso Espírito que somos filhos de Deus. É ele quem habita em nós.
3. Todavia, é possível ser nascido do Espírito, ser batizado com o Espírito, habitado pelo Espírito, selado pelo Espírito e estar ainda sem a plenitude do Espírito. Nós que já temos o Espírito, que somos batizados no Espírito, devemos agora, ser cheios do Espírito.

I. DUAS ORDENS – UMA NEGATIVA, OUTRA POSITIVA

• Embriaguez ou enchimento do Espírito? O apóstolo começa fazendo uma certa comparação entre a embriaguez e a plenitude do Espírito.

1. A semelhança superficial

• Uma pessoa que está bêbada, dizemos, está sob a influência do álcool; e certamente um cristão cheio do Espírito está sob a influência e sob o poder do Espírito Santo.
• Em ambas as proposições, há uma mudança de comportamento: a personalidade da pessoa muda quando ela está bêbada. Ele se desinibe; não se importa com o que os outros pensam dela. Abandona-se aos efeitos da bebida! O crente cheio do Espírito se entrega ao controle do Espírito e sua vida fica livre e desinibida.

2. O contraste profundo

• Na embriaguez o homem perde o controle de si mesmo; no enchimento do Espírito ele não perde, ele ganha o controle de si, pois o domínio próprio é fruto do Espírito.
• O Dr. Martyn Lloyd-Jones, médico e pastor disse: “O vinho e o álcool, farmacologicamente falando não é um estimulante, é um depressivo. O álcool sempre está classificado na farmacologia entre os depressivos. O álcool é um ladrão de cérebros. A embriaguez deprimindo o cérebro tira do homem o autocontrole, a sabedoria, o entendimento, o julgamento, o equilíbrio e o poder para aquilatar. Ou seja, a embriaguez impede o homem de agir de maneira sensata.
• O que o Espírito Santo faz é exatamente o oposto. Ele não pode ser colocado num manual de Farmacologia, mas ele é estimulante, anti-depressivo. Ele estimula a mente, o coração e a vontade.

3. O resultado oposto

• O resultado da embriaguez é a dissolução (asotia). As pessoas que estão bêbadas entregam-se a ações desenfreadas, dissolutas e descontroladas. Perdem o pudor, perdem a vergonha, conspurcam a vida, envergonham o lar. Trazem desgraças, lágrimas, pobreza, separação e opróbrio sobre a família. Buscam uma fuga para os seus problemas no fundo de uma garrafa, mas o que encontram é apenas um substituto barato, falso, maldito e artificial para a verdadeira alegria. A embriaguez leva à ruína. Ilustração: a lenda do vinho feito da mistura do sangue do pavão, leão, macaco e porco.
• Todavia, os resultados de estar cheio do Espírito são totalmente diferentes. Em vez de de nos aviltarmos, embrutecermos, o Espírito nos enobrece, nos enleva e eleva. Torna-nos mais humanos, mais parecidos com Jesus. O apóstolo agora, alista os quatro benefícios de se estar cheio do Espírito Santo.

II. OS BENEFÍCIOS DO ENCHIMENTO DO ESPÍRITO SANTO

1. Comunhão – v. 19a - “falando entre vós com hinos e cânticos espirituais”

• Este texto nos fala da comunhão cristã. O crente cheio do Espírito não vive resmungando, reclamando da sorte, criando intrigas, cheio de amargura, inveja e ressentimento, mas sua comunicação é só de enlevo espiritual para a vida do irmão.
• O enchimento do Espírito é remédio de Deus para toda sorte de divisão na igreja. A falta de comunhão na igreja é carnalidade e infantilidade espiritual (1 Co 3:1-3).
• O contexto aqui é a comunhão na adoração. No culto público, o crente cheio do Espírito Santo edifica o irmão, é bênção na vida do irmão. Salmo 95:1 “Vinde, cantemos ao Senhor, com júbilo, celebremos o rochedo da nossa salvação”. É um convite recíproco ao louvor!

2. Adoração – v. 19 – “entoando e louvando de coração ao Senhor”

• Aqui, o cântico não é entre vós, mas sim, ao Senhor. Não é adoração fria, formal, apagada, morta, sem entusiasmo, sem vida.
• O crente cheio do Espírito adora a Deus com entusiasmo. Usa toda a sua mente, emoção e vontade. Um culto vivo não é carnal nem morto. Não é barulho, misticismo nem emocionalismo. Não é experiencialismo, mas um culto em espírito e em verdade, um culto cristocêntrico, alegre, reverente, vivo.

3. Gratidão – v. 20 – “dando sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai…”

• O crente cheio do Espírito está cheio não de queixas, de murmuração, mas de gratidão.
• Embora o texto diga que devemos dar graças sempre por tudo, é necessário interpretar corretamente este versículo.
a) Não podemos dar graças por tudo como por exemplo, pelo mal moral. Uma noção estranha está conquistando popularidade em alguns círculos cristãos de que o grande segredo da liberdade e da vitória cristãs é o louvor incondicional: que o marido deve louvar a Deus pelo adultério da esposa; que a esposa deve louvar a Deus pela embriaguez do marido; que os pais devem louvar a Deus pelo filho que foi para as drogas e pela filha que se perdeu.
b) Semelhante sugestão é uma insensatez e uma blasfêmia. Naturalmente, os filhos de Deus aprendem a não discutir com Deus nos momentos de sofrimento, mas sim, a confiar nele e, na verdade, dar-lhe graças pela sua amorosa providência mediante a qual ele pode fazer até mesmo o mal servir aos seus bons propósitos (Gn 50:20; Rm 8:28).
c) Mas, isso, é louvar a Deus por ser Deus e não louvá-lo pelo mal. Fazer assim, seria reagir de modo insensível à dor das pessoas (ao passo que a Bíblia nos manda a chorar com os que choram). Fazer assim seria desculpar e até encorajar o mal (ao passo que a Bíblia nos manda odiá-lo e resistir o diabo).
d) O mal é uma abominação para o Senhor e não podemos louvá-lo ou dar-lhe graças por aquilo que ele abomina. Logo, o tudo pelo qual devemos dar graças deve ser qualificado pelo seu contexto, a saber a nosso Deus e Pai, em nome do Senhor Jesus Cristo. Nossas ações de graças devem ser por tudo o que é consistente com a amorosa paternidade de Deus.

4. Submissão – v. 21 – “Sujeitando-vos uns aos outros no temor de Cristo”

• Uma pessoa cheia do Espírito não pode ser altiva, arrogante, soberba. Os que são cheios do Espírito Santo têm o caráter de Cristo, são mansos e humildes de coração.
• Em Cristo devemos ser submissos uns aos outros. Esse verso 21 é um versículo de transição, e forma a ponte entre as duas seções deste capítulo. Não devemos pensar que a submissão que Paulo recomenda às esposas, às crianças e aos servos seja outra palavra para inferioridade. Igualdade de valor não é identidade do papel.
• Duas perguntas devem ser feitas: 1) De onde vem a autoridade? Como essa autoridade deve ser exercida?

• 1) A autoridade vem de Deus – Por trás do marido, do pai, do patrão, devemos discernir o próprio Senhor que lhes deu a autoridade que têm. Portanto, se querem submeter a Cristo, submetam-se a eles. Mas a autoridade dos maridos, pais e patrões não é ilimitada nem as esposas, filhos e empregados devem prestar obediência incondicional. A autoridade só é legítima quando é exercida debaixo da autoridade de Deus e em conformidade com ela. Devemos obedecer a autoridade humana até o ponto em que não sejamos levados a desobedecer a autoridade de Deus. Se a obediência à autoridade humana envolve a desobediência a Deus, naquele ponto, a desobediência civil fica sendo o nosso dever cristão: “Ants importa obedecer a Deus que aos homens (At 5:29).

• 2) Nunca deve ser exercida de modo egoísta, mas, sim, sempre em prol dos outros para cujo benefício foi outorgada – Quando Paulo descreve os deveres dos maridos, dos pais e dos senhores, em nenhum caso é a autoridade que os manda exercer. Pelo contrário, explícita ou implícitamente, adverte-os contra o uso impróprio da autoridade, proíbe-os de explorar a sua posição, e os conclama, ao invés disso, a lembrar-lhes das suas responsabilidades e dos direitos da outra parte. Assim sendo, os maridos devem amar, os pais não devem provocar a ira e os patrões devem tratar os servos com justiça. Jesus foi o supremo exemplo de como deve ser exercida a autoridade. Como Senhor ele serviu.
• Um marido cheio do Espírito Santo ama a esposa como Cristo ama a igreja. Uma esposa cheia do Espírito se submete ao marido como a igreja a Cristo. Pais cheios do Espírito criam os filhos na admoestação do Senhor. Filhos cheios do Espírito obedecem seus pais. Patrões cheios do Espírito tratam seus empregados com dignidade. Empregados cheios do Espírito trabalham com empenho em favor dos seus patrões.

III. O IMPERATIVO DO ENCHIMENTO DO ESPÍRITO SANTO

• A forma exata do verso “Plerouste”é sugestiva por várias razões.

1. Está no modo imperativo

• “Enchei-vos” não é uma proposta alternativa, uma opção, mas um mandamento de Deus. Ser cheio do Espírito é obrigatório, não opcional. Não ser cheio do Espírito Santo é pecado. Ilustração: O diácono na Igreja Batista do Sul dos EUA excluído da igreja por embriaguez. Billy Graham perguntou: algum diácono já foi excluído por não ser cheio do Espírito Santo?

2. Está na forma plural

• Esta ordem está endereçada à totalidade da comunidade cristã. Ninguém dentre nós deve ficar bêbado; todos nós porém, devemos encher-nos do Espírito Santo. A plenitude do Espírito Santo não é um privilégio elitista, mas sim uma possibilidade para todo o povo de Deus. A promessa do derramamento do Espírito rompeu as barreiras social, da idade e do sexo.

3. Está na voz passiva

• O sentido é: “Deixai o Espírito encher-vos”. Ninguém pode encher-se a si mesmo do Espírito. Nenhum homem pode soprar sobre o outro para que ele receba a plenitude do Espírito.
• O sentido não é o quanto mais nós temos do Espírito, como se o Espírtio fosse um líquido enchendo um vazilhame. Mas o quanto mais o Espírito tem de nós. O quanto ele controla a nossa vida. Ser cheio é não entristecê-lo, nem apagá-lo, mas submeter-se à sua autoridade, influência e poder.

4. Está no tempo presente contínuo

• No grego há dois tipos de imperativo: 1) Um aoristo – que descreve uma ação única. Exemplo: João 2:7 Jesus disse: “Enchei dágua as talhas”. O imperativo é aoristo, visto que as talhas deviam ser enchidas uma só vez. 2) Um presente contínuo – descreve uma ação contínua. Exemplo: Efésios 5:18 Quando Paulo nos diz: “Enchei-vos do Espírito” é imperativo presente, o que subentende que devemos continuar ficando cheios.
• A plenitude do Espírito não é uma experiência de uma vez para sempre, que nunca podemos perder, mas sim, um privilégio que deve ser continuamente renovado pela submissão à vontade de Deus. Fomos selados de uma vez por todas, mas temos a necessidade do enchimento diariamente.

CONCLUSÃO

• Você é um crente cheio do Espírito Santo? Os sinais da plenitude do Espírito têm sido vistos em sua vida?
• Você tem adorado a Deus, relacionado com seus irmãos, agradecido a Deus e se sujeitando uns aos outros e feito a obra de Deus com poder?
• Ilustração: o moço de Eliseu que perdeu o machado no rio. Eliseu orou e o machado boiou. Muitos hoje estão tentando cortar as árvores com o cabo do machado. Precisamos mais dos recursos de Deus do que dos recursos do homem. A igreja primitiva quando ficou cheia do Espírito Santo tornou-se uma força invencível!

Rev. Hernandes Dias Lopes

Nenhum comentário:

Postar um comentário