sábado, 1 de fevereiro de 2025

Pastores em perigo | Valdeci Santos

O ministério pastoral é um dos chamados mais importantes na vida da Igreja. No entanto, como qualquer outro cristão, os pastores enfrentam lutas e desafios que podem afetar seu desempenho ministerial. Apesar de sua função sagrada e vocação sublime, os pastores não estão isentos dos perigos causados pelo pecado e alguns de seus efeitos podem ser fatais tanto para o ministro quando para sua família e igreja. Tendo como base a Palavra de Deus e as experiências de líderes cristãos ao longo da história da Igreja, nesta série vamos refletir sobre falhas que podem comprometer a integridade do ministério pastoral, iniciando nesta edição com três delas.

1. Fama: A obsessão pelo reconhecimento pessoal A tentação da fama é uma das mais sutis, especialmente no contexto atual das redes sociais. Com a declarada intenção de alcançar mais pessoas para Cristo, muitas vezes o que estamos, de fato, buscando é a validação pessoal. Sermões virais, postagens populares e reconhecimento público podem nos seduzir, levando-nos a misturar o alvo legítimo de expandir o Reino de Deus com o desejo egoísta de sermos admirados.

2. Infidelidade: A revelação do caráter deteriorado A tentação sexual é uma arma continuamente usada pelo inimigo de nossas almas. Ademais, a vida ministerial exige contato constante com pessoas em diferentes contextos, e isso pode criar oportunidades para essa tentação. A imoralidade sexual tem um impacto devastador, não apenas para o pastor e sua família, mas também para a sua igreja. 

Conta-se que Billy Graham, um dos maiores evangelistas do século 20, fez uma escolha consciente no início de seu ministério, de nunca estar sozinho com uma mulher que não fosse sua esposa, protegendo assim seu ministério e a reputação do evangelho. 

Os pastores devem seguir o exemplo de José que, por temor ao Senhor, fugiu da esposa de Potifar e da tentação (Gn 39). O combate à imoralidade sexual exige vigilância constante e pureza no relacionamento com o sexo oposto. Ademais, é necessário lembrar que essa falha não surge de um momento para o outro, mas é construída a partir de pequenos descuidos e negligência na vida com Deus e no cultivo de um caráter que reflita a santidade do Supremo Pastor.

3. Conflitos: O perigo de um estilo contencioso. Conflitos na vida ministerial são uma realidade inevitável, mas quando o pastor busca e promove esses conflitos, sua imagem fica arranhada e a congregação sofre profundamente. Também, a tentação de resolver conflitos de maneira mundana ou com um espírito combativo acaba prejudicando a unidade da igreja e o ministério do pastor. O grande desafio é distinguir quando é necessário se envolver e quando o melhor é deixar o assunto com outra pessoa. A briga constante ou a participação em divisões pode corroer a alegria do pastor e destruir a paz da congregação.

Certamente haverá momentos em que todo pastor será chamado a “contender pela fé, que uma vez por todas foi entregue aos santos” (Jd 3). Mas há uma enorme diferença entre ser um defensor da fé e um contencioso. O apóstolo Paulo exortou ao jovem pastor Timóteo: “(...) é necessário que o servo do Senhor não viva a contender, e sim deve ser brando para com todos, apto para instruir, paciente, disciplinando com mansidão os que se opõem, na expectativa de que Deus lhes conceda não só o arrependimento para conhecerem plenamente a verdade, mas também o retorno à sensatez, livrando-se eles dos laços do diabo, tendo sido feitos cativos por ele para cumprirem a sua vontade” (2Tm 2.24-26). Há um aspecto espiritual na maneira com lidamos com os conflitos no ministério e nosso alvo deve ser sempre a intervenção de Deus na vida de nossos opositores.


Fonte: Edição Brasil Presbiterianos Fevereiro/2025; Pág. 13
A Série Pastoreio continua na próxima edição do Brasil Presbiteriano.

O Rev. Valdeci da Silva Santos é pastor da IP de Campo Belo, SP, Diretor do Andrew Jumper, professor de Aconselhamento e colaborador do Brasil Presbiteriano

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