O fenômeno da crescente influência das redes sociais, especialmente com a popularidade de plataformas como TikTok e Instagram (Reels), e o uso emergente da Inteligência Artificial (IA) em várias frentes, levanta questões cruciais do ponto de vista bíblico. Essas questões envolvem tanto o conteúdo que consumimos quanto o que criamos e divulgamos, especialmente na era da monetização e da ascensão de influenciadores digitais. A Bíblia oferece princípios claros sobre como os cristãos devem lidar com essas tecnologias e tendências, guiando tanto nosso uso quanto nossa postura em relação a esses temas.
Em primeiro lugar, devemos lembrar que toda a criação, inclusive o uso da tecnologia, deve ser usada para a glória de Deus. A Confissão de Fé de Westminster e o Breve Catecismo, que resumem bem a doutrina reformada, afirmam que o "fim principal do homem é glorificar a Deus e gozá-lo para sempre". Isso significa que, como cristãos, devemos perguntar como nosso envolvimento com redes sociais e IA reflete este propósito de glorificação a Deus. Isso abrange desde os conteúdos que criamos até o tempo que gastamos consumindo essas mídias. O apóstolo Paulo nos ensina em 1 Coríntios 10:31: “Portanto, quer comais, quer bebais ou façais qualquer outra coisa, fazei tudo para a glória de Deus.” Essa exortação se aplica perfeitamente ao cenário das redes sociais e à tecnologia: como o uso dessas ferramentas pode glorificar a Deus?
No que diz respeito ao conteúdo que consumimos e produzimos, a Bíblia nos adverte sobre a autenticidade e a verdade. O nono mandamento é claro ao proibir o falso testemunho (Êxodo 20:16). Nas redes sociais, onde é fácil apresentar uma imagem distorcida de si mesmo, de influenciar os outros por motivações egoístas ou enganosas, devemos nos questionar sobre a veracidade do que estamos comunicando. O que estamos promovendo em plataformas como TikTok e Instagram é verdadeiramente honesto e fiel ao padrão de Cristo? Efésios 4:25 nos lembra: “Pelo que, deixando a mentira, fale cada um a verdade com o seu próximo, porque somos membros uns dos outros.” A busca por seguidores e engajamento não deve nos levar a comprometer a autenticidade e o testemunho cristão.
Além disso, o conceito de micro e nano influenciadores — indivíduos com menos seguidores, mas com forte influência em nichos específicos — traz à tona a questão da responsabilidade e da influência. A Bíblia fala da grande responsabilidade daqueles que influenciam outros. Em Tiago 3:1, somos advertidos: “Meus irmãos, muitos de vós não sejam mestres, sabendo que receberemos mais duro juízo.” No mundo digital, onde qualquer pessoa pode ser um influenciador, essa responsabilidade se torna ainda mais séria para o cristão. Devemos ser luz nas redes sociais, refletindo o caráter de Cristo, ao invés de sermos levados pelas pressões de sucesso mundano.
Finalmente, a monetização de conteúdo nas redes sociais pode apresentar uma tentação significativa para buscar o lucro acima de tudo. O oitavo mandamento, que nos adverte contra o furto (Êxodo 20:15), também pode ser interpretado no contexto de ações que exploram ou prejudicam outros para ganho financeiro. Mateus 6:24 nos lembra que não podemos servir a Deus e ao dinheiro. A busca pela monetização não deve comprometer a ética cristã. Devemos perguntar se o conteúdo que estamos produzindo para monetizar promove valores bíblicos ou se está distorcido pela busca de lucro e fama.
Além disso, a ascensão da Inteligência Artificial traz uma série de preocupações éticas, especialmente em relação à criação de conteúdo autêntico e verdadeiro. A Bíblia nos ensina que Deus é o criador e sustentador da vida, e qualquer avanço tecnológico deve ser usado com sabedoria e temor diante do Senhor. A providência de Deus sobre todas as coisas (Salmo 103:19) nos lembra que Ele está no controle da história e dos avanços tecnológicos. O cristão deve, portanto, usar a IA e outras tecnologias com responsabilidade, evitando que essas inovações se tornem ídolos que controlam nossas vidas e distanciam-nos de nossa missão de glorificar a Deus.
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