sexta-feira, 19 de abril de 2013

Por que sou contra as boates gospel? | Renato Vargens

fotoEm quase todo o país tornou-se comum o aparecimento de boates gospel. Usando do álibi da evangelização, inúmeros líderes evangélicos tem organizado o que chamam de "Night Song Gospel". Nesta perspectiva é comum encontrarmos milhares de jovens dançando os mais famosos hits da música gospel.

Em ambientes assim é comum encontrarmos globo espelhado, canhões de luz, estroboscópio e fumaça, os quais fazem parte de um contexto  especial onde  em nome de Deus, DJs e MC’s  embalam adolescentes e jovens em suas "danças" para Jesus.

Há pouco vi uma faixa que convidava a juventude crista a participar de um evento deste nipe (estilo), onde o convite principal destinava-se a todos aqueles que desejassem sentir as "batidas de Deus em seus corações."

Caro leitor, infelizmente em nome da contextualização e da necessidade de se modernizar a propagação da Palavra de Deus, tem sido comum por parte de alguns pastores e líderes evangélicos a utilização de estratégias diferenciadas na “evangelização”. Lamentavelmente a cada instante, movidos por poderosas revelações, novas e mirabolantes estratégias tem sido criadas na expectativa de arrebanhar para os apriscos da fé, um número cada vez mais significativo de jovens. E é pensando assim que eventos dos mais estranhos possíveis têm sido criados por parte da liderança evangélica neste país, como por exemplo, o aparecimento de boates e discotecas gospel.mona-ge1

Pois é, para alguns pastores, boates e discotecas tornaram-se “álibis” indispensáveis para se pregar “as boas novas” de Cristo Jesus. Na verdade, neste Brasil tupiniquim, cada vez mais em nome de uma liberdade cristã, os jovens abandonam a palavra e o discipulado bíblico em detrimento às festas e eventos que celebram efusivamente o hedonismo exacerbado de um tempo pós-moderno.

Caro leitor, confesso que fico estupefato com a capacidade evangélica de elucubrar sandices e fabricar heresias. Como já escrevi anteriormente, estou absolutamente perplexo e preocupado com os rumos da igreja evangélica brasileira. Isto porque, em detrimento do “novo” têm-se optado por um caminho onde se negocia o que não se pode negociar.

Talvez ao ler este texto você esteja dizendo consigo mesmo: " O pastor Renato caretou (ficou careta) de vez! Será que ele não está entendendo que os jovens só virão a Cristo se oferecermos a eles entretenimento? Será que ele não compreende que a rapaziada precisa entender que não somos bitolados? Será que ele não consegue discernir que somos jovens e precisamos nos divertir?"

Charles Spurgeon, um dos maiores pregadores de todos os tempos, afirmou há quase 150 anos, que o adversário das nossas almas tem agido como o fermento, levedando toda a massa. Segundo o príncipe dos pregadores o diabo criou algo mais perspicaz do que sugerir à Igreja que parte de sua missão é prover entretenimento para as pessoas, com vistas a ganhá-las.

Spurgeon afirmou que a igreja de Cristo não tinha por obrigação promover entretenimento àqueles que a igreja visitava. Antes pelo contrário, o Evangelho com todas as suas implicações precisava ser pregado de forma simples e objetiva.

Hoje, quase 120 anos após a morte de Spurgeon, boa parte da igreja brasileira promove em suas liturgias estruturas lúdicas e leves onde de forma simplista e descontraída o “evangelho politicamente correto” é anunciado. Na verdade, ouso afirmar que mediante o pluralismo eclesiástico de nosso tempo, encontramos uma variedade enorme de igrejas que anunciam o evangelho de Cristo segundo o gosto do freguês.

Como já havia escrito inúmeras vezes não suporto mais a efervescência da graça barata, o mercantilismo gospel, a banalização da fé. Infelizmente, Sou obrigado a confessar que fico impressionado com alguns devaneios por parte do povo evangélico, até porque, no quesito criatividade alguns dos nossos irmãos têm conseguido se superar.

Com dor no coração sou obrigado a confessar essa gente não têm pregado o evangelho do reino. Antes pelo contrário, o evangelho o qual estes têm pregado é humanista, megalomaníaco e antropocêntrico.

Prezado leitor, ser protestante, não é somente se identificar com o protesto feito pelos reformadores contra a corrupção eclesiástica e o falso ensinamento católico do século XVI; é muito mais do que isso. Ser protestante, é viver debaixo de um avivamento integral, é resgatar os valores indispensáveis a fé bíblica através da Palavra, é proclamar incondicionalmente a mensagem da graça de Deus em Cristo Jesus.

O lema "Eclésia reformata, semper reformanda", deveria estar sempre ressoando em nossos ouvidos e corações, desafiando-nos à responsabilidade de continuamente caminharmos segundo a Palavra, sem nos deixarmos levar por ventos de doutrinas e movimentos que tentam transformar a Igreja de Cristo, num circo eclesiástico, nas mãos de líderes equivocados, que manipulam o povo ao seu bel prazer, tudo isso em nome de Deus!

Uma nova reforma já!

Soli Deo Gloria.

Renato Vargens

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