...Quão
invencível é a graça de Jeová! Nenhuma criatura tem o poder de atrair o homem
a Cristo. Exibições, evidências miraculosas, ameaças, inovações são usadas
em vão. Somente Jeová pode trazer a alma a Cristo. Ele derrama seu Espírito
com a Palavra, e a alma sente-se alegre e poderosamente inclinada a vir a
Jesus. "Apresentar-se-á voluntariamente o teu povo, no dia do teu
poder" (Sl 110.3). "Acaso, para o SENHOR há coisa
demasiadamente difícil?" (Gn 18.14.) "Como ribeiros de
águas assim é o coração do rei na mão do SENHOR; este, segundo o seu
querer, o inclina" (Pv 21.1).
Considere
um exemplo: um judeu estava assentado na coletoria, próxima à porta de
Cafarnaum. Sua testa estava enrugada com as marcas da cobiça, e seus olhos
invejosos exibiam a astúcia de um publicano. Provavelmente, ele ouvira
falar de Jesus; talvez O ouvira pregando nas praias do mar da Galiléia. Mas
seu coração mundano ainda permanecia inalterado, visto que ele continuava
em seu negócio ímpio, assentado na coletoria. O Salvador passou por ali e,
quando olhou para o atarefado Levi, disse-lhe: "Segue-me!"
Jesus não disse mais nada. Não usou qualquer argumento, nenhuma ameaça,
nenhuma promessa. Mas o Deus de toda graça soprou no coração do publicano,
e este se tornou disposto. "Ele se levantou e o seguiu"
(Mt 9.9). Agradou a Deus, que opera todas as coisas de acordo com o
conselho da sua vontade, dar a Mateus um vislumbre salvador da excelência
de Jesus; a graça caiu do céu no coração de Mateus e o transformou. Ele
sentiu o aroma da Rosa de Sarom. O que significava o mundo agora para ele?
Mateus não se importava mais com os lucros, os prazeres e os louvores do
mundo. Em Cristo, ele viu aquilo que é mais agradável e melhor do que todas
essas coisas do mundo. Mateus se levantou e seguiu a Jesus.
Aprendamos
que uma simples palavra pode ser abençoadora à salvação de almas preciosas.
Freqüentemente, somos tentados a pensar que tem de haver algum argumento
profundo e lógico, para trazer as pessoas a Cristo. Na maioria das vezes,
colocamos nossa confiança em palavras altissonantes. No entanto, a simples
exposição de Cristo aplicada ao coração pelo Espírito Santo vivifica,
ilumina e salva. "Não por força nem por poder, mas pelo meu
Espírito, diz o SENHOR dos Exércitos" (Zc 4.6). Se o Espírito age
nas pessoas, estas simples palavras: "Segue a Jesus", faladas em
amor, podem ser abençoadas e salvar todos os ouvintes. Aprendamos a
tributar todo o louvor e glória de nossa salvação à graça soberana, eficaz
e gratuita de Jeová.
Um
falecido teólogo disse: "Deus ficou tão irado por Herodes não lhe
haver dado glória, que o anjo do Senhor feriu imediatamente a Herodes, que
teve uma morte horrível. Ele foi comido por vermes e expirou. Ora, se é
pecaminoso um homem tomar para si mesmo a glória de uma graça tal como a
eloqüência, quão mais pecaminoso é um homem tomar para si a glória da graça
divina, a própria imagem de Deus, que é o dom mais glorioso, excelente e
precioso de Deus?"
Quantas
vezes o apóstolo Paulo insiste, em Efésios 1, que somos salvos pela graça
imerecida e gratuita? E como João atribui toda a glória da salvação à graça
gratuita do Senhor Jesus - "Àquele que nos ama, e, pelo seu sangue,
nos libertou dos nossos pecados... a ele a glória e o domínio pelos séculos
dos séculos. Amém!" (Ap 1.5, 6). Quão solenes foram as palavras de
Jonathan Edwards, em sua obra Narrativa Pessoal! "A absoluta soberania
e graça gratuita de Deus, em demonstrar misericórdia àquele para quem Ele
quer expressar misericórdia, e a absoluta dependência do homem quanto às
operações do Espírito Santo têm sido para mim, freqüentemente, doutrinas
gloriosas e agradáveis. Estas doutrinas têm sido o meu grande deleite. A
soberania de Deus parece-me uma enorme parte de sua glória. Tenho sentido
deleite constante em aproximar-me de Deus e adorá-Lo como um Deus soberano,
rogando-Lhe misericórdia soberana."
Por: Robert
Murray McCheyne
Fonte:
Editora Fiel
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